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António Ramalho: “Há um ‘gap’ salarial negativo contra as mulheres”

O presidente do Novo Banco esteve presente na conferência “Igualdade de Género & Igualdade de Ensino” e defendeu as quotas seletivas em modelos próprios nas empresas.
Cristina Bernardo
13 Outubro 2016, 14h21

O atual CEO do Novo Banco, António Ramalho, considerou as medidas de incentivo à igualdade de género um compromisso empresarial, no discurso do debate que decorre, esta quinta-feira, no Instituto Miguel Galvão Teles. O dirigente do antigo BES assegura que a responsabilidade é sobretudo das empresas.

Enquanto gestor do Novo Banco, pretende que os seus colaboradores privilegiem as convicções. “Para sair desta crise de valores precisamos de mais convicção. Tenho de desafiar os meus colaboradores a perceber que não têm de saber tudo”, destaca.

Depois de assumir a liderança do Novo Banco, no passado dia 19 de agosto, António Ramalho empenhou-se em desenvolver as soft skills dos colaboradores, os comportamentos que facilitem a relação com os outros. “Eu entro e 45 dias depois tenho de ter um plano de carisma organizado”, diz o CEO.

A propósito de igualdade, António Ramalho defende que “quando há uma individualidade a regular deve haver um sistema de alternância nas entidades reguladoras” e garante que, na instituição que lidera, do grupo de três substitutos para o seu cargo, pelo menos um tem de ser de sexo diferente.

Desperdício de talento feminino: um problema empresarial

O gestor defendeu o sistema educativo português, na medida em que tem assegurado uma distribuição predominantemente feminina e que há investimento público desviado em favor das mulheres.

“Há trinta anos que temos mais talento a sair das universidades que os homens”, certifica António Ramalho, que falou também sobre o domínio das mulheres na maioria dos cursos superior, exceção feita às áreas da engenharia e das indústrias.

“É a prova de que o modelo de igualdade vai funcionar? Mentira”, refere o presidente do Novo Banco, que considera que, no sistema profissional, a situação é diferente e há uma predominância masculina.

“Ao contrário do que seria de esperar, há um gap salarial negativo contra as mulheres”, indica António Ramalho. De acordo com o líder do Novo Banco, esse gap é mais negativo no setor privado do que no público, atinge quase todos os graus etários e foi potenciado pela crise económica do país.

António Ramalho olha o sistema educativo como um mecanismo de formação de mulheres e “destruição do talento feminino” e sugere medidas: o incremento das políticas de conciliação da vida pessoal e profissional e a introdução de quotas significativas por layers com destaque para cargos de alta direção.

Quotas? Para quando?

As últimas notícias em relação a esta medida de “aceleração” ao processo de igualdade de género indicam que o governo vai entregar na Assembleia da República uma proposta de lei que vai atribuir quotas mínimas por sexo no setor público e nas empresas cotadas na Bolsa.

O executivo de António Costa está a preparar a medida que prevê que, em janeiro de 2018, as empresas cotadas sejam compostas em 20% por mulheres nos cargos de gestão e, em janeiro de 2020, que essa percentagem aumente para 33,3%.

Quanto às entidades estatais, será imposto que a percentagem de mulheres gestoras seja de 33,3% em janeiro de 2017 e, dois anos depois, o valor aumentará para 40%.

O Jornal Económico contactou o gabinete do ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, a propósito da entrega dessa proposta de lei na Assembleia da República e sabe-se que o documento será enviado “em breve”.

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