A probabilidade de vislumbrarmos o ano de 2117 é mínima, mas é nesta altura que termina o prazo da dívida pública emitida pela Argentina na segunda-feira. O país seguiu o exemplo do México, que tinha já colocado dívida com um século de maturidade em 2010, e vendeu 2,75 mil milhões de dólares a 100 anos com uma procura bastante acima da oferta.
A procura pelas obrigações a 100 anos alcançou os 9,75 mil milhões de dólares, com os olhos dos investidores a brilharem com a yield de 7,9% e um cupão de 7,125%, segundo dados do Financial Times. A operação resultou num aumento da dívida em divisas estrangeiras acima do esperado pelo Governo, para financiar o país, cujo défice é de 4,6% do PIB.
Com a nova colocação, e devido à apreciação do peso argentino, a dívida argentina em moeda estrangeira ascende já a 12,75 mil milhões de dólares. O ministro das Finanças argentino classificou a emissão como um sucesso que mostrou a retoma da “credibilidade e da confiança” dos investidores na Argentina.
Qual é o interesse da Argentina em emitir dívida a 100 anos?
O prazo é pouco comum, particularmente no caso de mercados emergentes, mas não inédito: o México tem obrigações com uma maturidade em 2110. Desde a eleição de Mauricio Macri, no final de 2015, que o presidente se tem mostrado empenhado em recuperar a economia argentina.
O governo viu-se a braços com uma série de obrigações a credores que não foram pagos pela anterior legislatura e o rating do país desceu para o nível de ‘lixo’, segundo a avaliação das agências Standard & Poor’s, da Fitch e da Moody’s.
Emitir dívida a 100 anos tem, por isso, duas vantagens. Por um lado, o país aumenta o prazo da dívida consideravelmente já que apenas terá de pagar estas obrigações no próximo século. Por outro, esta é uma forma de mostrar o otimismo do mercado no país pois para os investidores fazerem uma aposta de longo prazo semelhante é necessário que tenham tanto capital como confiança na recuperação da economia argentina.
“Tem de haver um player com dinheiro a sério por trás disto”, explicou o estrategista chefe da BTG Pactual em Buenos Aires, Alejo Costa, ao Financial Times.
Segundo o analista, antes de realizar a emissão, a Argentina tinha de ter assegurado que havia investidores interessados em dívida do género, o que se verificou pela procura robusta. “Um investidor que tenha uma visão construtiva sobre a Argentina, o que quer é duração”.
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