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BCE começa a reduzir estímulos e sinaliza que pode mesmo ser o fim

O programa de compra de ativos do Banco Central Europeu é reduzido para metade a partir deste mês. Apesar de o BCE ter garantido que está pronto a prolongar, se necessário, os estímulos, o economista-chefe da instituição acredita que não irá acontecer.
Ralph Orlowski/Reuters
2 Janeiro 2018, 09h15

O Banco Central Europeu começa este mês a inverter a política monetária da zona euro, através de um corte na compra de ativos para metade. Apesar de a instituição liderada por Mario Draghi ter garantido que vai continuar no mercado durante vários anos e que não exclui a hipótese de prolongar o programa em tempo ou volume, o economista-chefe já sinalizou que o plano não será esse.

Benoit Coeure, o membro do BCE responsável pelas operações de mercado e defensor da política monetária acomodatícia, deu a entender que o fim pode mesmo estar próximo.

“Dado o que vemos na economia, acredito que há hipóteses razoáveis que a extensão do programa de compra de ativos decidida em outubro possa ser a última”, afirmou Coeure, na semana passada, citado pela agência Reuters.

Na última reunião de política monetária, a 26 de outubro, a instituição liderada por Mario Draghi anunciou que iria prolongar o programa de compra de ativos até setembro de 2018, mas reduzir o valor mensal para 30 mil milhões a partir de janeiro, metade do montante de aquisições mensais até ao final de 2017.

Garantiu ainda que caso o outlook ou as condições financeiras se tornem menos favorável, o Conselho de Governadores está preparado para aumentar o programa em tamanho e/ou duração.

No final de novembro, o BCE detinha 1,9 biliões de euros em obrigações da zona euro, no âmbito do programa de compra de ativos iniciado em 2015 devido à crise das dívidas soberanas. Do total, 30,5 mil milhões, ou 1,6%, são títulos portugueses.

Se o programa terminar efetivamente em setembro de 2018, o que os analistas têm apontado como pouco provável já que o objetivo principal é não causar choques no mercado, o total de compras pode ser de pelo menos 2,55 biliões de euros, levando a folha de balanço do sistema da zona euro a aumentar para mais de 4,7 biliões de euros.

Depois do programa, o BCE continuará ainda a reinvestir o valor dos ativos que chegam às maturidades para tornar o processo ainda mais suave. Em 2018 apenas, os reinvestimentos poderão aumentar o volume bruto de compras para mais de 130 mil milhões de euros.

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