A crise de dívida soberana na zona euro deixou uma herança pesada na maioria dos países que compõem a área monetária do euro. Para evitar esses choques na zona euro, um grupo de economistas está a trabalhar para que a dívida soberana de todos os países seja considerada como um activo seguro sem carregar os países menos endividados com os custos e riscos dos países endividados.
Este projecto chamado ‘European Safe Bonds’ (ESBies), necessitaria da criação de uma agência que comprasse as obrigações dos países membros em proporção da dimensão relativa de cada país. Como explica Luis Garicano, um dos criadores desta proposta, ao El Economista. A agência teria as obrigações no seu balanço e para financiar a sua compra emitiria dois activos estruturados, um mais seguro que o outro. Subjacente a este produto estaria uma carteira diversificada de obrigações soberanas da Eurozona.
O primeiro activo emitido seriam as ESBies, que “concederiam um direito mais sénior aos pagamentos da dívida. Desta maneira, incluindo no pior dos casos (por exemplo, em caso de incumprimento parcial por parte da Grécia, Portugal e Irlanda, e em caso de uma redução de pagamento por parte de Itália e Espanha), o pagamento das ESBies não ficaria comprometido. Além disso, a agência que tem as obrigações poderia oferecer uma garantia adicional sobre as ESBies, usando um capital adicional desembolsado inicialmente pelos Estados membros”.
Por outro lado, o segundo activo (de maior risco e denominado European Junior Bonds, EJBies) tenderia a absorver as perdas, e “somente quando a capacidade de absorção de perdas dsta tranche se esgotasse poderia utilizar-se o capital adicional desembolsado para evitar que as ESBies assumam perda alguma. Isto é, as ESBies só absorveriam perdas uma vez que ficasse esgotado este segundo ativo e uma vez esgotado o capital da agência”, segundo explica Garicano. Este tipo de activo seria atrativo para os investidores que buscam maior rentabilidade e toleram maior risco.
Segundo as simulações realizadas pelos criadores da proposta, as ESBies seriam pelo menos tão seguras como as ‘Bund’ alemãs. Nos activos estruturados emitidos pela agência, 70% do valor nominal do activo subjacente seria formado pela tranche sénior e os 30% restantes por esta tranche júnior (paga em segundo lugar na hierarquia).
A semana passada, Benoit Coeure, economista chefe do BCE, assegurou que esta proposta pode ser uma boa saída para os problemas da zona euro, segundo destaca a agência Bloomberg. Esta proposta foi criada em 2011 pelos economistas Markus Brunnermeier, Luis Garicano, Philip R. Lane, Marco Pagano, Ricardo Reis, Tano Santos, David Thesmar, Stijn Van Nieuwerburgh e Dimitri Vayanos. E destinge-se fundamentalmente porque “não implica uma responsabilidade conjunta entre países”.
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