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BCP deixou de dar crédito a clubes de futebol em 2013, garante Miguel Maya

Sobre a reestruturação da dívida do Sporting, Nuno Amado respondeu que tudo é feito na defesa dos interesses do BCP.
7 Maio 2018, 18h08

O BCP alterou o regulamento interno e “desde 2013 que não está na matriz do banco dar crédito a clubes de futebol, devido à componente emocional inerente”. A resposta foi dada por Miguel Maya à questão do alegado “perdão” do BCP e do Novo Banco à dívida do Sporting.

O banco desde 2013 fez uma redução significativa da exposição a todos os clubes de futebol, diz a instituição.

Os bancos aceitaram a reestruturação da dívida da SAD do Sporting. No conjunto, os dois bancos alegadamente “perdoaram” quase 95 milhões de euros, segundo notícias recentes.

Mas a verdade é que o que está aqui em causa são VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em ações da sociedade), e não dívida bancária. Está em causa capital próprio, ou seja ações, Isto é, o que está em causa é os bancos ficarem ou não com ações do Sporting. O BCP não vendeu qualquer VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em ações da sociedade) do Sporting, nem foram convertidos em capital. A decisão da banca, que já constituiu imparidades destes títulos, é saber se lhe interessa ou não ser acionista da SAD do Sporting (ações valem pouco). O Sporting propôs comprar os VMOCs aos dois bancos por 40,5 milhões de euros

Nuno Amado não fala de clientes, mas garantiu que tudo o que faz “é na defesa dos interesses do BCP”.

A CMVM solicitou ao Sporting esclarecimentos sobre a redução da dívida de 135 milhões para 40,5 milhões de euros ao BCP e ao Novo Banco, anunciada por Bruno de Carvalho. O regulador do mercado de capitais pretendeu saber se os movimentos iam ter impacto contabilístico nas contas da SAD, e se iam alterar a estrutura acionista da sociedade. O clube respondeu que não iam ter impacto, pois a compra de VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em ações da sociedade) não será feita pela SAD, mas sim pelo clube e pela Sporting SGPS. O clube de Alvalade esclareceu ainda que não será alterada a estrutura acionista da SAD, pois trata-se da compra de obrigações e não de ações.

O clube comprometeu-se a comprar as VMOC detidos pelo Novo Banco e BCP ao preço de 30 cêntimos e não dos 84 cêntimos que custariam em condições normais. No início da próxima temporada, o Sporting comprará de 17,5 milhões em VMOC, garantindo a manutenção da maioria da SAD, ficando obrigado a comprar os restantes 23 milhões mais tarde.

Bruno de Carvalho, no passado dia 30 de abril, num artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias”, disse que o “valor máximo a pagar para garantir a manutenção da maioria na SAD passou de 44 para 17,5 milhões de euros”. O dirigente do Sporting assegurou que foi feita uma “definição do preço de compra de cada VMOC a 30 cêntimos por utilização da conta reserva”, quando anteriormente era de um euro, ou seja, o “clube e seus sócios apenas necessitam de 40,5 milhões de euros para comprar a totalidade das VMOC, em vez dos anteriores 135 milhões de euros”. “Com a alteração de condições de reembolso e a opção de compra das VMOC, deixa de haver a necessidade da nova emissão de 55 milhões de VMOC (a ser subscritas pelos bancos) nem do aumento de capital de 18 milhões, podendo este ser feito ou não. Esta negociação foi conseguida sem aumento das taxas de juros e sem entrega de garantias adicionais aos bancos”, acrescentou o presidente do clube.

Em 2011 foi feita a primeira subscrição pública dos VMOCs, 55 milhões com taxa de juro de 3%, com José Bettencourt. Com Bruno de Carvalho fez-se a segunda emissão de VMOCs com juro a 4%, mas este só era pago se a SAD do Sporting distribuísse dividendos, o que não aconteceu.

Nuno Amado falou ainda doutros temas. Nomeadamente confirmou a notícia avançada pelo Jornal Económico que o BCP não entregou qualquer proposta para a compra do Banco Caixa Geral em Espanha.

Sobre a plataforma de malparado, o BCP disse que dos 4 casos identificados (créditos que serão tratados na plataforma) três deles já estavam a ser trabalhados na plataforma que “vai agora avançar a uma ritmo bastante mais forte”, disse Miguel Maya, administrador do banco.

 

(atualizada)

 

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