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Carlos Costa: Aumento do consumo sem mais produtividade é insustentável

O reduzido crescimento da produtividade observado nas últimas décadas limita a capacidade de sustentar maiores níveis de consumo sem incorrer em desequilíbrios externos, disse hoje o governador do Banco de Portugal, na conferência de homenagem a Medina Carreira.
Mario Proença/Bloomberg
28 Setembro 2017, 17h08

O fraco crescimento da produtividade em Portugal vai colocar em causa a melhoria do nível de vida dos cidadãos, disse hoje o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, na conferência de homenagem ao economista Medina Carreira, que faleceu este ano. Segundo o governador, o aumento do consumo possibilitado pelo aumento dos rendimentos das famílias irá provocar graves desequilíbrios externos, a menos que haja uma melhoria da produtividade.

“A manter-se por muito tempo, o fraco crescimento da produtividade comprometerá gravemente o aumento do nível de vida dos cidadãos. Em Portugal, o reduzido crescimento da produtividade observado nas últimas décadas limita a capacidade de sustentar maiores níveis de consumo sem incorrer em desequilíbrios externos”, disse o governador, frisando que é fundamental ao país ter mais “margem de manobra” no que toca às suas dependências externas.

Carlos Costa mostrou preocupação com a fraca evolução da produtividade em Portugal nos últimos anos, apesar do recente dinamismo da atividade económica.

“Tendo em conta o atual endividamento público e privado, é essencial consciencializar a sociedade portuguesa da necessidade de prosseguir com a consolidação financeira e, simultaneamente, criar condições que favoreçam o investimento e a produtividade”, disse Carlos Costa.

Um melhor desempenho do país neste campo só será possível com mais inovação por parte das empresas, defendeu. Quanto às políticas económicas, devem combater as tendências protecionistas e assegurar que a abertura ao comércio internacional é sustentável.

No plano nacional, a política económica deve procurar promover um “crescimento sustentável, capaz de proporcionar à população níveis de bem-estar superiores e, ao mesmo tempo, uma redução das desigualdades sociais”, referiu o governador.

“Isto significa assegurar de forma continuada a sustentabilidade das contas públicas e das contas externas, bem como níveis de competitividade compatíveis com a criação de emprego. Implica também políticas de redistribuição de rendimentos a favor dos que mais perdem com o impacto da abertura económica, para garantir que os benefícios dessa abertura fluem para todas as partes da sociedade”, acrescentou.

Políticas devem “proteger não os empregos, mas os trabalhadores”

Carlos Costa adianta que, assim sendo, os governos devem “implementar medidas que protejam não os empregos, mas os trabalhadores”, reforçando as as redes de segurança, social e económica, para prevenir situações em que determinados grupos sociais ou profissionais passem a ter níveis de vida “precários”, devido às alterações estruturais em curso na economia. E, além disso, defende o governador, é necessário implementar “políticas de formação que apoiem a adaptação dos trabalhadores às novas realidades produtivas”.

 

 

 

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