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Comprar barato aos pessimistas e vender caro aos otimistas

Cerca de 400 pessoas participaram esta semana nas duas sessões da conferência “O Triunfo dos Otimistas”, promovida pela Casa de Investimentos e pelo Jornal Económico, em Lisboa e em Braga.
Cristina Bernardo
17 Novembro 2017, 09h30

A filosofia do investimento em valor, seguida por investidores como Warren Buffett, esteve em destaque na conferência “O Triunfo dos Otimistas”, promovida esta semana pela Casa de Investimentos e pelo Jornal Económico. Cerca de 400 pessoas participaram nas duas sessões da conferência, que tiveram lugar em Lisboa e em Braga, com o objetivo de contribuir para o reforço da literacia financeira dos portugueses.

O painel de oradores incluiu o professor Elroy Dimson, considerado um dos maiores especialistas mundiais em mercados financeiros (ver página seguinte), Emília Vieira, António Amorim, António Murta, Carlos Oliveira e Xavier Rodriguez Martin. Dimson e Vieira centraram as suas intervenções no investimento em ações (o professor britânico é co-autor de um célebre estudo sobre a rentabilidade de 23 mercados acionistas ao longo de 117 anos, que deu origem ao livro “O Triunfo dos Otimistas”), ao passo que os restantes oradores abordaram sobretudo o tema da inovação como fator chave para a criação de valor.

A Casa de Investimentos, sociedade gestora de patrimónios sediada em Braga, segue a filosofia de investimento em valor, que pode ser resumida em poucas palavras: comprar ações a um preço inferior ao seu valor intrínseco. Ou, como disse Emília Vieira, chairwoman e CEO da Casa de Investimentos, na sua intervenção na conferência, “comprar barato aos pessimistas e vender aos otimistas”, pois se o preço é o que se paga, o valor é o que se obtém.
Ao contrário do investimento em crescimento – que passa pela aposta em ações que têm uma apreciação de capital superior e cujo preço está a subir -, o investimento em valor implica uma perspetiva de longo prazo e a capacidade de saber distinguir entre o preço (aquilo que se paga) e o valor (o que se obtém). E, claro, é necessário saber aferir este último.

O investimento em valor vai além da dimensão dos preços dos ativos e foca-se, por isso, no longo prazo mais que no imediato. Segundo Emília Vieira, o maior desafio não é avaliar o valor, mas sim saber gerir a natureza humana.

“A parte mais difícil não é a avaliação, mas a parte comportamental”, disse a gestora, que propõe o investimento em valor como alternativa menos arriscada para obter retornos atrativos numa altura em que as taxas de juro permanecem em níveis historicamente baixos.

“Todos nós seres humanos estamos programados para o curto prazo”, explicou. “Faz-nos sentir bem ter um ganho rápido e tendemos a seguir os outros, quando o que devemos fazer é exatamente o contrário”, afirmou.

Na prática, o que significa é que a Casa de Investimentos procura descobrir o valor intrinseco do ativo e comprar barato para preservar valor. “É um conceito extremamente simples, é comprar ativos bons com o preço abaixo daquilo que valem”, referiu, acrescentando que o mercado financeiro está repleto de pessoas “que sabem o preço de tudo, mas não sabem o valor de nada”.

“Temos de saber onde está o preço e onde está o valor, que na maior parte dos casos não é a mesma coisa”, explicou sobre a estratégia de investimento em valor. Daí considerar fulcral fazer uma análise completa da empresa e do negócio em que se quer investir, com especial atenção para a compreensão qualitativa do negócio, vantagens competitivas duráveis, balanços sólidos, pouca dívida e gestores capazes e honestos.

“Depois é necessário ter uma grande disciplina para só comprar quando está barato e depois vender quando chega ao preço justo”, continuou. “Disciplina e paciência são muito importantes. É muito difícil de resistir à tentação de comprar e vender. Na maior parte das vezes, os investidores faziam melhor em sentar-se em cima das mãos”.
Identifica, por isso, os principais obstáculos a este comportamento: ter excesso de confiança, procurar informação que nos confirme em vez do contrário, não aprender com os erros e ficar ancorado a números de curto prazo.

“É fundamental saber a diferente entre risco e volatilidade”, acrescentou. “Os investidores esquecem-se a forma como a inflação, que é corrosiva de valor, lhes retira valor. Investir com um horizonte de décadas tem a economia a seu favor porque as empresas criam valor e, nesta área, é fundamental termos horizonte temporal”.

 

Elroy Dimson , Professor e co-autor de “O Triunfo dos Otimistas”
Estamos numa era de juros baixos que vai continuar. Mas a diversificação permite obter retornos mais altos.

Emília Vieira, ‘Chairwoman’ e CEO  da Casa de Investimentos
A gestora propõe o investimento em valor para obter bons retornos numa era de juros baixíssimos.

Xavier Rodriguez Martin, CEO da Fapajal
O otimismo e a felicidade são cada vez mais importantes para as empresas criarem valor, disse.

António Murta, CEO da Pathena
Áreas como a saúde estão a ter desenvolvimentos incríveis. Mas os valores são essenciais, disse.

António Amorim, Presidente da Corticeira Amorim
O gestor apresentou o caso da Corticeira para demonstrar que a aposta na inovação compensa.

Carlos Oliveira, Presidente da InvestBraga
“A inovação deve estar no ADN das empresas”, defendeu o presidente da InvestBraga.

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