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Conflito diplomático. Ministros turcos proibidos de discursar na Holanda

O conflito entre os dois países começou quando o avião em que seguia o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, foi impedido de aterrar no país este sábado.
12 Março 2017, 14h15

Depois do cancelamento de três comícios onde participavam ministros turcos na Alemanha, agora também a Holanda proibiu dois ministros turcos de entrar no país para participar num comício junto com imigrantes turcos no país. O Governo turca acusa a Holanda de ser “os restos do nazismo” e, tal como a Alemanha, “fascistas”.

O conflito entre os dois países começou quando o avião em que seguia o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, foi impedido de aterrar no país este sábado. Mevlut Çavusoglu preparava-se para participar numa campanha ao referendo turco de 16 de abril, que prevê a reforma constitucional e dará ao presidente da Turquia, Recep Erdogan, mais poderes.

“Não vamos participar numa visita de um funcionário do Governo turco que quer conduzir uma campanha política para um referendo”, explicou o ministro holandês das Relações Exteriores, Bert Koenders.

A reação de Ancara não tardou a chegar. “Podem parar o avião do nosso ministro como quiserem. Vamos ver como é que os vossos aviões chegarão à Turquia a partir de agora. Eles não conhecem a política ou diplomacia internacional, são os restos do nazismo. São fascistas”, afirmou Recep Erdogan.

O clima de guerra diplomática aberta entre Holanda e a Turquia intensificou-se quando, perante a primeira proibição, a ministra da Família da Turquia, Fatma Betul Sayan Kaya, que estava na Alemanha, se dirigiu ao país para substituir o colega de Governo. No entanto, também ela acabou por ficar retida junto ao consulado turco em Roterdão e foi impelida a regressar à Alemanha, escoltada pelas autoridades holandesas.

Na rede social Twitter, a ministra escreve que “o mundo inteiro deve agir contra esta prática fascista; um tratamento destes contra uma mulher ministra não pode ser aceite”.

Num comunicado enviado ao embaixador holandês na Turquia, o Governo turco deixa o alerta para que este não regresse ao país nos próximos tempos – o embaixador holandês está neste momento em funções fora do país.

“Não queremos que o embaixador holandês, atualmente fora, regresse ao seu posto durante os próximos tempos. Explicámos aos nossos homólogos que a grave decisão tomada contra a Turquia e a comunidade turca na Holanda provocará sérios problemas diplomáticos, políticos e económicos”, pode ler-se no comunicado.

O Governo de Recep Erdogan diz ainda que a “Holanda pagará o preço” e que estas proibições traduzem um aumento “do racismo e do fascismo” na Europa.

Nas últimas horas centenas de cidadãos de origem turca juntaram-se em frente ao consulado da Turquia em Roterdão, envergando bandeiras turcas, em sinal de protesto contra o Governo holandês. Segundo dados demográficos do país, cerca de 397 mil cidadãos de origem turca residem na Holanda.
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