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Diogo Nuno Santos: “Lisboa tem hoje uma agenda ambiciosa para a melhoria da mobilidade”

A capital portuguesa ficou bem classificada na maioria das categorias do Deloitte City Mobility Index. Em entrevista ao “Jornal Económico”, Diogo Nuno Santos, associate partner da consultora, diz que a cidade tem uma visºao clara dos aspetos ligados à mobilidade.
7 Março 2018, 07h10

A capital portuguesa integra o grupo de cidades analisadas na primeira edição do estudo da consultora Deloitte sobre a mobilidade. Surge bem classificada em oito das 15 categorias analisadas. Em entrevista ao “Jornal Económico”, Diogo Nuno Santos, associate partner da Deloitte, diz que a classificação decorre do aproveitamento de elementos estruturais, mas também porque tem “uma visão claras neste contexto, e fomenta a inovação no ecossistema da mobilidade”.

Lisboa está bem classificada em alguns dos segmentos analisados no City Mobility índex. A que se deve?

Deve-se, por um lado, a elementos estruturais da cidade de Lisboa e do nosso próprio país, como sejam a elevada qualidade do ar e o baixo nível de risco em termos de segurança. Mas, mais importante, estão hoje implementadas em Lisboa várias políticas de mobilidade que se podem considerar melhores práticas, como sejam o transporte público cada vez mais “verde” e a crescente promoção da mobilidade suave.

Por último, há evidências claras de que a cidade tem hoje uma agenda ambiciosa para a melhoria da mobilidade, apresenta uma estratégia e uma visão claras neste contexto, e fomenta a inovação no ecossistema da mobilidade.

 

O que esta classificação indica para o futuro? O que podemos esperar?

Esta classificação coloca Lisboa, à data de hoje, em linha com várias cidades de topo no que diz respeito à maturidade dos seus sistemas de mobilidade, destacando-se positivamente em variáveis associadas a “Visão & Liderança”. Este facto leva-nos a crer que, com a concretização das políticas e medidas idealizadas e que se encontram alinhadas com as práticas de referência, Lisboa poderá subir neste ranking por via da melhoria de aspetos em que a sua performance ficou num patamar intermédio de maturidade, como sejam “resiliência e fiabilidade do sistema de mobilidade”, “peso da mobilidade partilhada no mix modal” e “ambiente regulatório”.

 

Como comenta a introdução e novos conceitos de mobilidade nas cidades – como a partilha de veículos? Como encara a sua evolução?

A mobilidade partilhada é uma tendência incontornável e, de acordo com as nossas projeções, desempenhará um papel central na mobilidade do futuro – estimamos que em 2025 mais de 10% dos quilómetros percorridos em automóvel terão subjacentes modelos de mobilidade partilhada.

Este movimento da mobilidade partilhada será, cada vez mais, “exigido” pelo mercado já que, de acordo com as nossas estimativas, o custo por passageiro por km num veículo partilhado é 32% mais barato do que num automóvel não partilhado.

 

A introdução de novos combustíveis, menos poluentes, tem impacto na mobilidade ou só no ambiente?

A descarbonização da mobilidade implica transformações relevantes nos meios de transporte (frota a combustão versus frota elétrica) e nas respetivas infraestruturas de suporte (exemplo: postos de carregamento de energia elétrica versus postos de abastecimento de combustíveis). A concretização desta transição para uma mobilidade mais verde requer investimentos de relevo e obriga ao desenvolvimento de novas competências nos players de mobilidade.

Adicionalmente, este período de transição para uma mobilidade cada vez mais elétrica criará nos operadores e gestores de infraestruturas um desafio complexo ao nível da gestão e da eficiência das suas operações, em virtude da coexistência de tecnologias e ativos com características tão distintas.

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