Atendendo aos vários escândalos financeiros ocorridos nos últimos, que minaram a confiança dos investidores em várias cotadas nacionais, que papel desempenharam, e podem vir a desempenhar, os auditores, no caminho da consolidação da credibilidade e confiança? Em resposta, e considerando que quando ocorre um escândalo financeiro, normalmente decorrente de gestão fraudulenta, é muito provável que a opinião pública questione o papel dos reguladores e auditores, criando problemas ao nível da reputação dessas entidades, Vítor Santos, Partner da DFK & Associados SROC sublinha, desde logo, que “os procedimentos de auditoria não garantem em absoluto (mas sim a um nível aceitável) que as demonstrações financeiras possam estar isentas de distorções materiais, uma vez que são usadas técnicas de amostragem existindo assim riscos de auditoria”. As fraudes, ressalva, “podem ocorrer, e a não serem detetadas, colocam os auditores num papel ingrato quer perante os agentes de mercado quer perante os supervisores. Os trabalhos realizados por essas firmas de auditoria foram por certo submetidos a processos de controlo, por parte dos supervisores de auditoria, no sentido de serem apuradas as devidas responsabilidades”.
Com os escândalos financeiros espalhados praticamente por todo o mundo, inicialmente despoletados pela crise no mercado imobiliário e posterior crise financeira, esta situação, destaca Vítor Santos, veio questionar, e de uma forma muito profunda, as conclusões dos trabalhos de auditoria. “A resposta foi aumentar a regulamentação que já por si era exigente, mas não suficiente para evitar situações que ocorreram durante os períodos de crise. Naturalmente que a adoção dos novos regulamentos do exercício da profissão bem como da sua supervisão tem como objetivo minimizar o risco de auditoria no sentido de melhorar a qualidade dos trabalhos e em simultâneo reforçar a credibilidade do auditor”, conclui.
“A profissão de auditoria vive a pressão permanente de aumentar a capacidade de análise de informação, de melhorar a forma como testa os dados recolhidos e de encontrar novas formas de desafiar os pressupostos que lhe são apresentados”, defende Rui Martins, Assurance Leader da EY. O responsável evidencia assim a existência de uma pressão que tem tendência a acentuar-se com o aumento da sofisticação dos modelos de negócio dos clientes, a adoção massiva de novas tecnologias e o próprio ritmo de mudança dos mercados.
“É importante ter presente que o auditor não é imune a situações de fraude e que, apesar de receber do seu cliente a confirmação de que lhe foi transmitida toda a informação relevante para formar a sua opinião, há casos em que isso poderá nem sempre ter acontecido”, afirma Rui Martins.
Assim, as novas regras também vieram impor responsabilidade acrescida aos órgãos de fiscalização, sobre os quais impende a responsabilidade de selecionar os auditores, sendo que, enquanto profissão regulada, cada anomalia detetada serve para identificar novos mecanismos de salvaguarda, para melhorar a qualidade das auditorias e a independência do auditor. Aliás, frisa, “estas foram também algumas das motivações que levaram às recentes alterações na legislação, que acreditamos ser um fator no sentido da mitigação destes riscos e um motivo adicional para confiança dos mercados no papel do auditor externo”.
“É importante não esquecer o papel que os auditores têm na melhoria diária do relato financeiro das empresas, assegurando a implementação das normas e das melhores práticas adicionais, bem como o seu papel na formação contínua de recursos, que vão alimentando o mercado e os reguladores, disseminando boas práticas de relato financeiro”, remata.
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