A afirmação partiu de Mário Lopes, professor no Instituto Superior Técnico, especialista em engenharia sísmica e que esteve presente no Seminário da reabilitação sísmica do parque edificado, que se realizou na última quinta-feira, na Ordem dos Arquitectos.
Com um sentido crítico sobre a reabilitação sísmica efetuada em Portugal, o especialista assegura que não existe reabilitação urbana em Portugal que contemple o reforço sísmico, “salvo raras exceções de promotores, projetistas ou empreiteiros conscientes”.
O especialista refere que existem vários argumentos para não se ter em conta a reabilitação sísmica. “O facto de se pensar em sismos pode gerar o pânico geral. O peso do imobiliário, já que existe uma desvalorização dos imóveis com menos resistência e os custos associados ao reforço sísmico, os promotores consideram que afasta os investidores”, salienta Mário Lopes.
Um custo que aumenta cerca de 12 a 33% na construção. Contudo, é na opinião do especialista totalmente justificado e dá exemplos. Em Amatrice, em Itália, no sismo de 24 de agosto de 2016, morreram mais de 300 pessoas, em Norcia, também em Itália, no sismo de 30 de outubro de 2016 não se verificaram vítimas mortais. O investigador português esteve posteriormente nos dois locais para perceber o que diferenciou os estragos avassaladores de uma localidade, para os mínimos causados na segunda. “A diferença é que em Norcia fizeram-se reforços sísmicos em todos os edifícios nos últimos quatro anos. A prova foi evidente”, explica.
Contudo, Mário Lopes assegura que “Lisboa é uma gigantesca Amatrice”.
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