Muitos elogios e alguns avisos à navegação. O relatório do staff do Fundo Monetário Internacional (FMI) após a missão a Lisboa realizada entre 19 e 29 de junho realça o cenário positivo da economia no portuguesa no curto prazo.
“O outlook de curto prazo de Portugal fortaleceu consideravelmente, suportado por um acelerar do investimento e pelo crescimento contínuo das exportações à medida que a recuperação na zona euro tem ganho momentum”, refere o relatório, adiantando que o país tem mostrado “progresso louvável” na redução dos riscos de curto prazo.
O FMI destaca o papel do turismo na aceleração económica, com as receitas do setor vistas a registarem crescimento acima de 10% pelo quarto ano seguido, uma tendência que tem apoiado também uma retoma no setor da construção no primeiro semestre de 2017.
Com o suporte adicional de indicadores de confiança, a continuação da subida do taxa de emprego e mais subidas nos preços na habitação, o FMI prevê que economia cresça cerca de 2,5 % em 2017 e 2% em 2018. Em abril, no World Economic Outlook, o FMI previa um crescimento de 1,7% este ano e de 1,5% em 2018.
“O acelerar do crescimento implica que a meta do défice público para este ano, de 1,5% do PIB, está bem ao alcance. Crescimento mais forte, aliado ao compromisso das autoridades em controlar a despesa, deverá permitir que [a meta] do défice seja atingida confortavelmente”, salienta.
“Oportunidade auspiciosa”
O FMI aconselha Portugal a aproveitar o bom momento. “As condições cíclicas favoráveis oferecem uma oportunidade auspiciosa para uma redução mais ambiciosa da dívida pública este ano, que suportaria os objetivos de médio prazo estabelecidos pelas autoridades no Programa de Estabilidade”.
Avisa ainda que uma consolidação orçamental estrutural permanece essencial para assegurar a sustentabilidade “com o ambiente de financiamento a se tornar provavelmente menos benigno à medida que a acomodação monetária for, a certa altura, reduzida”.
Em relação ao setor financeiro, o FMI salienta que os recentes aumentos de capital feitos por alguns dos bancos, salientando que os bancos têm liquidez e continuam a mostrar avanços no processo de desalavancagem. Alerta, contudo que “enfrentam vários desafios, incluindo ativos de baixa qualidade, fraca rentabilidade e almofadas de capital limitadas”.
Recorda que o stock de crédito malparado diminuiu 0,3 pontos percentuais em 2016 para 17,2% dos empréstimos totais, com os ativos fracos especialmente concentrados no setor empresarial.
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