Como antevê o futuro do trabalho em Portugal na perspetiva da interação homem-máquina?
Existe uma crescente preocupação em relação ao impacto no mundo do trabalho desta nova vaga de tecnologias, tais como a inteligência artificial, robotização, automatização. Infelizmente, é difícil antever o impacto da introdução destas tecnologias na realidade portuguesa. Uma investigação desenvolvida em 2016 por António Moniz e Bettina Krings, na Universidade Nova de Lisboa e no Kalrsruhe Institute of Technology, revelou que a Roménia e Portugal são os países da Europa com mais postos de trabalho em risco devido a processos de computorização. Está em curso a elaboração, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, de uma agenda de investigação sobre o problema.
… e nas relações empregador-empregado?
A introdução de novas tecnologias nas sociedades contemporâneas parece ter o efeito de concentrar grandes quantidades de capital num número muito reduzido de pessoas. As empresas mais valiosas do planeta são hoje as tecnológicas, destronaram as petrolíferas e detêm imenso poder, como se pode observar pelos abusos de posição maioritária nos mercados onde operam, evitando pagar impostos e recorrendo à mão de obra mais barata e desprotegida para desenvolverem as suas operações. Estas novas tecnologias podem também tornar obsoletas muitas qualificações e competências existentes em vastas camadas da força laboral, tornando-as incapazes de viver do seu trabalho. Existe, portanto, a necessidade de reequilibrar este efeito de desigualdade social a nível nacional e supranacional, e de reorganizar as estruturas representativas dos trabalhadores e empregadores. Para melhorar a produtividade e qualidade nas empresas será imperativo elaborar novas estratégias de gestão de recursos humanos. As empresas que já instalaram processos automatizados estarão melhor posicionadas, pois sabem como o envolvimento humano é central.
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