O conjunto de partidos catalães que compõem a maioria independentista do Parlamento da autonomia – JuntsXCat, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e CUP – já estão a dicutir entre si o nome de quem deverá substituir Carles Puigdemont como candidato a apresentar pele Mesa da assembleia à formação do governo da autonomia.
Tal como avançavam vários analistas desde a semana passada, Carles Puigdemont, líder do JuntsXCat no exílio na Bélgica há mais de quatro meses, passou a ser um entrave à agenda dos independentistas e o grupo já está a discutir quem o poderá substituir.
Neste momento – mas os jornais espanhóis alertam para o caráter ainda muito volátil das negociações – o nome que se encontra em cima da mesa é o de Elsa Artadi, considerada o braço direito de Puigdemont. Artadi parece conseguir gerar algum consenso entre os três partidos, apesar das suas enormes diferenças programáticas: para além de serem todos pela independência, o JunstXCat é de direita liberal, a EEc é de esquerda e a CUP é de extrema-esquerda.
De qualquer modo, a imprensa espanhola adianta que a última palavra será precisamente de Puigdemont – que na semana passada reconhecia a sua derrota pessoal por via de SMS’s a uma seu correligionário político, onde afirmava que Madrid tinha vencido e que o seu nome já não contava para a solução do problema da Catalunha.
A mesma imprensa afirma que a intenção de Puigdemont é a de governar de facto a partir de Bruxelas, por entreposta pessoa, no caso Elsa Artadi. Mas esta teoria pode ter pouca consistência: ERC e CUP podem não estar interessados nesta espécie de comando teleguiado a partir da Bélgica, dados os evidentes inconvenientes dew que se reveste semelhante solução.
De qualquer modo, o papel de Puigdemont em todo o processo poderá marcar mais esta etapa da crise da Catalunha – restando ainda saber-se qual será a resposta de Madrid. Em termos institucionais, se a Mesa do Parlamento apresentar um nome alternativo a Puigdemont, Mariano Rajoy já não se poderá opor – partindo-se do princípio que esse nome é o de alguém que é deputado eleito em 21 de dezembro, tal como o regimento obriga, e que está de facto presente na assembleia. Na prática, se Elsa Artadi telefona ou não a Puigdemont para se aconselhar na governação, isso é um problema que já não está nas mãos do chefe do governo central.
Fontes próximas da negociação citadas pelo jornal “El Pais” afirmavam hoje que o acordo está “muito próximo” e que o nome de Artadi gera consenso suficiente para se constituir como uma solução. Mas estas fontes são, aparentemente, próximas do JuntsXCat, ao mesmo tempo que as fontes próximas dos partidos mais à esquerda salientam que o acordo ainda está longe de estar fechado.
Questionada sobre a matéria, a visada não admite qualquer alteração do quadro vigente: “Puigdemont é o nosso candidato, mas, acima de tudo, ele é o candidato do Parlamento”, disse Elsa Artadi hoje mesmo, quando questionada pela imprensa sobre a eventual substituição do homem que politicamente acompanha há muitos anos.
A fórmula para conseguir que Puigdemont possa continuar a mover-se no interior da política catalã seria dar-lhe uma posição mais ou menos simbólica como presidente do Conselho da República – órgão que neste momento não existe (como também não existe república nenhuma, aliás).
O Tribunal Constitucional espanhol está por certo a seguir com a maior antençã as evoluções políticas no território.
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