Os juros da dívida de Portugal a 10 anos voltaram a negociar acima de 2%, um valor que não tocavam desde 23 de fevereiro. As yields nacionais estão a ser penalizadas por uma tendência generalizada aos países da periferia da Europa devido à instabilidade política em Itália.
A 10 anos, os juros da dívida italiana subiram 16 pontos base para 2,39%, enquanto a bolsa italiana, o FTSE MIB, tombou 1,42%, e arrastaram todos os países da periferia. Os juros de Espanha subiram para 1,50%, os de Portugal para 2,0% e da Grécia para 4,52%.
O acordo entre o Movimento 5 Stelle e a Lega Nord para a formação de governo está a avançar, tendo sido apontado o nome do possível primeiro-ministro. Giuseppe Conte – um académico com pouca experiência política – ainda não foi oficialmente nomeado para o cargo e este será o principal ponto de desacordo entre os dois partidos.
“A formação de governo em Itália é um cenário menos negativo do que o esperado pelo mercado, uma vez que o acordo não faz referência às medidas mais drásticas (saída do euro, anulação da dívida) que foram propostas inicialmente”, refere uma nota de research do Bankinter.
“Em todo o caso, é de esperar uma menor preocupação por parte do novo governo com os objetivos de
consolidação fiscal e deveremos assistir a um aumento do défice. No entanto, as medidas propostas deverão impulsionar o consumo no curto prazo e o aumento da dívida parece ser ‘digerível’ para um país que já está habituadoa lidar comníveis de endividamentoacimados 130% do PIB”, acrescentou
A proposta apresentada pelos dois partidos na semana passada tem como principais medidas no plano económico a introdução de um rendimento básico de cidadania até 780 euros mensais a cidadãos em situação de pobreza, o estabelecimento de um imposto fiscal único entre os 15% e os 20% para o IRS das famílias e o Imposto de Sociedades e a possibilidade de reforma quando a idade do trabalhador e o número de ano de trabalho totalizarem os 100.
Pedem também à União Europeia que torne flexível os objetivos de défice e dívida, um pedido que o Bankinter afirma ser “bastante mais permissivo com os objetivos de consolidação fiscal”.
“No entanto, a formação de governo apresentou alguns aspetos positivos para o mercado, como o menor risco de repetir eleições e, principalmente porque o acordo de governo não contemplou algumas das medidas mais radicais que foram ponderadas inicialmente, como o pedido de saída do euro ou o retirar na dívida italiana”, acrescentaram os analistas.
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