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Lilly vai duplicar investimento em investigação “made in Portugal”

A multinacional norte-americana projecta um crescimento de dois dígitos e vai avançar para uma novas áreas de investigação.
14 Outubro 2017, 18h00

A norte-americana Lilly está há 52 dias em Portugal e acaba de ver aprovada pela Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) a comparticipação de mais um medicamento inovador, indicado no tratamento da psoríase em placas. Com crescimentos anuais da ordem dos dois dígitos, a filial portuguesa da multinacional norte-americana que ocupa o 10 lugar no ranking das maiores companhias farmacêuticas, a nível global, prevê um crescimento ainda mais robusto em 2018.

Em entrevista ao Jornal Económico, António Leão, diretor-geral da empresa falou do novo produto e do invejável pipeline de novos medicamentos da Lilly – mais de meia centena -, que prevê venham a ser introduzidos no mercado a uma cadência de dois novos medicamentos por ano, até 2022. “É um pipeline muito robusto, com uma aposta muito forte na oncologia, onde temos uma série de soluções que irão ser disponibilizadas aos doentes nos próximos tempos”, explica.

Entre estas soluções estão algumas indicadas nos sarcomas, área para a qual ainda não existem tratamentos, no cancro gástrico e, ainda, para o cancro da mama. “Para breve, também, está previsto o lançamento de novas soluções para as áreas da dor e da artrite reumatoide”, acrescenta.

Relativamente ao medicamento agora lançado, António Leão salienta a importância da aprovação do processo de comparticipação, condição indispensável para que possa ser disponibilizado aos doentes que dele necessitam. “A psoríase em placas, moderada a grave, é uma condição com um impacto dramático na vida dos doentes, condicionando o seu dia-a-dia e a sua relação com a comunidade onde se inserem. A aprovação de um novo medicamento biológico, eficaz numa doença que pode ser muito difícil de tratar é certamente uma boa notícia para todos”, afirma, para logo acrescentar:
Leão salienta que o novo medicamento se insere numa área para a qual não existiam terapias disponíveis há apenas uma década. “A nossa missão e o desafio que assumimos na Lilly, desde a sua fundação, em 1876, foi o de investigar e desenvolver medicamentos que permitam tratar condições para as quais existem necessidades terapêuticas por satisfazer. É o que acontece na psoríase, e de uma forma geral relativamente às doenças do autoimunes, área onde contamos lançar vários produtos inovadores nos próximos anos”, diz.

Aposta em novas áreas

Atualmente, a subsidiária portuguesa da Lilly conta com mais de uma centena de colaboradores, a maioria dos quais com formação superior, alguns doutorados. “Uma característica da Lilly, que se traduz no estimular os seus colaboradores para que prossigam a sua formação, da forma que considerem mais satisfatória. Aproveitando, naturalmente, os talentos adquiridos. Cerca de 15% das nossas pessoas trabalham em grupos internacionais, para os quais concorreram e onde estão perfeitamente integradas”, destaca António Leão.

Ainda assim, uma gota de água face aos quase 40 mil colaboradores que a empresa possuiu a nível mundial.

Em termos de áreas terapêuticas, a empresa aposta forte em quatro segmentos: doenças autoimunes, oncologia, diabetes e saúde animal, promovendo investigação clínica em mais de 55 países, incluindo Portugal, onde espera conseguir duplicar, em 2018, o investimento alocado a esta área, em parceria com instituições científicas e universitárias nacionais.

Para breve, a empresa irá avançar para novas áreas, de entre as quais António Leão destaca a da dor. A empresa tem também um bom portfólio de produtos na área da saúde do homem, de onde sobressai, em termos de vendas, um medicamento indicado na disfunção eréctil. E na área da doença mental, onde a Lilly foi pioneira, tendo sido uma das primeiras farmacêuticas a desenvolver medicamentos para o tratamento da depressão. “A Lilly generalizou o tratamento da depressão a partir do final dos anos oitenta, condição que até à descoberta do nosso primeiro inibidor da recaptação da serotonina era tratada com recurso a intervenções pouco eficazes e limitadoras da qualidade de vida dos doentes”, salienta. Refira-se que a Lilly é um dos maiores fabricantes e distribuidor mundial de medicamentos na área da psiquiatria.

Um gigante que fatura 17,8 mil milhões

Com uma faturação global de aproximadamente 21 mil milhões de dólares (cerca de 17,8 mil milhões de euros), em 2016, dos quais cerca 55 milhões de dólares (cerca de 46,8 milhões de euros) em Portugal, a multinacional farmacêutica sedeada em Indianápolis destaca-se pela aposta consistente na investigação e desenvolvimento de novos medicamentos que permitam suprir necessidades em saúde por satisfazer, com o investimento nesta área a duplicar na última década, atingindo em 2016 5.200 milhões de dólares (cerca de 4.400 milhões de euros). A Lilly tem mais de 9.000 colaboradores a trabalhar exclusivamente nesta vertente (21% do total) em todo o mundo.
Também na área do mecenato a multinacional sedeada em Indianápolis surge como gigante mundial: em 2015, doou cerca de 500 milhões de dólares (cerca de 425 milhões de euros) em medicamentos a populações carenciadas de todo o mundo, em ações que abrangeram mais de 165 mil doentes.

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