Um ano depois da sua eleição, em maio do ano passado, milhares de pessoas saíram à rua para protestarem contra aquilo que dizem ser o presidente dos ricos. Um exemplo: o imposto de saída, criado para conter a evasão fiscal de empresários e milionários, será eliminado em 2019. O governo acredita que esse imposto foi um travão aos investimentos, sem por outro lado ser lucrativo para as finanças públicas.
Em 2018, os empregados do setor privado verão seu aumento de salário líquido graças a uma redução de 3,15 pontos percentuais em suas contribuições, em troca de um aumento na contribuição social generalizada de 1,7 pontos. Isto representa um ganho líquido de cerca de 22 euros por mês (250 euros por ano) para o salário mínimo. Não é muito.
Entretanto, Macron continuou a insistir na alteração das leis do trabalho – algo que contribuiu decisivamente para que o seu antecessor, François Hollande, não se tivesse candidatado a um segundo mandato.
A esquerda, que ainda controla parte do poder sindical, e tal como prometeu, não baixou os braços e não deu qualquer trégua ao presidente. As greves têm-se sucedido a um ritmo alucinante – a da AirFrance foi das mais perturbadoras – e nada indica que não continuem assim.
O movimento político liderado pelo deputado François Ruffin, a França Insubmissa, convidou os manifestantes a participar com as suas “reivindicações, indignações e esperanças” para “fazer uma festa a Macron e ao mundo”.
Segundo a organização do protesto, participam na manifestação cerca de 160 mil pessoas que querem dizer ‘stop’ a Macron. Quase seis em cada dez franceses (57%) dizem-se insatisfeitos com a política de Macron, segundo uma sondagem para a rádio RTL divulgada esta sexta-feira.
Uma das críticas que se fazem ouvir com maior intensidade são as que afirmam que Macron está ofuscado com a sua imagem internacional e que a política caseira é um fardo que se obriga a suportar.
Mas, mesmo na frente internacional, algumas decisões de Macron têm sido internamente muito criticadas. O exemplo mais óbvio foi o da decisão de a França tomar parte na coligação internacional – juntamente com os Estados Unidos e com o Reino Unido – na expedição punitiva ao regime sírio de Bashar al-Assad, a propósito do eventual uso de armas químicas.
A esquerda uniu-se à volta do facto de a iniciativa militar não ter o apoio explícito da ONU e, nesse quadro, poder ser observada como uma ingerência de uma coligação de países estrangeiros num assunto interno de um país terceiro. Essa crítica estendeu-se a alguns setores do Parlamento Europeu, o que na altura irritou bastante o presidente francês.
Mas, aparentemente, ninguém acredita que Emmanuel Macron venha a divergir no fundamento daquilo que fez ao longo do seu primeiro ano de mandato. A não ser que o barulho das ruas venha a tornar-se insuportável em pouco tempo – coisa que os aguerridos sindicatos franceses com certeza conseguirão com alguma facilidade.
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