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Oi prevê baixar dívida em 71% e valor da empresa mais do que quintuplica

A Oi estima que a sua dívida diminua de 65 para 19 mil milhões de reais (de 15,3 para 4,5 mil milhões de euros) na sequência da conversão de passivo em capital. Depois do Plano de Recuperação está previsto que a Oi passará a valer “em torno de 15 mil milhões de reais” (3,5 mil milhões de euros), ou seja, 5,8 vezes o valor da capitalização bolsista atual.
17 Abril 2018, 13h33

Segundo o comunicado da Oi, em resposta à notícia veiculada pela agência Broadcast, em 13 de abril, sob o título “OI/Teles: Cumprimos todos os prazos e esperamos antecipar etapas da recuperação judicial” a dívida da operadora brasileira vai cair de 65 mil milhões de reais (8,2 mil milhões de euros), para ficar nos 19 mil milhões de reais (4,5 mil milhões de euros).

Num comunicado publicado na CMVM pela sua, ainda maior acionista, Pharol, é citada a notícia veiculada pela agência Broadcast, onde consta, entre outras informações, que após a conversão de passivos em ações, a dívida cairá de 65 mil milhões de reais para ficar nos 19 mil milhões de reais”. Ou seja uma redução de 46 mil milhões de reais (10,86 mil milhões de euros), ou menos 71%.

A notícia da Broadcast cita informações atribuídas ao presidente da Oi, Eurico Teles.

Na mesma notícia é dito que como resultado da implementação das medidas constantes do plano de recuperação, a Oi valerá em torno de 15 mil milhões de reais (3,5 mil milhões de euros), o que compara com um valor de 2,6 mil milhões de reais (614 milhões de euros) no fecho da última sessão de bolsa, que em brasileiro é denominado de “do último pregão” (ou seja, quase 6 vezes mais [5,8 vezes superior ao fecho]).

Na sequência desta notícia, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, homóloga da portuguesa CMVM, pediu à Oi esclarecimentos sobre estes números, e tal como referido no relatório com as contas de 2017, a Oi explica que os efeitos do plano de recuperação judicial foram estimados pela administração nas demonstrações financeiras da companhia.

Já quanto ao valor da empresa, este resulta de uma percepção da média de avaliações independentes preparadas por analistas de mercado que acompanham a companhia.

Isso  mesmo é dito no comunicado: “A companhia esclarece que a nota explicativa nº 29 às suas demonstrações financeiras auditadas relativas ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2017, 2016 e 1 de janeiro de 2016 (eventos subsequentes), no sub-item “Efeitos estimados do Plano de Recuperação Judicial”, consta uma descrição detalhada das estimativas do valor dos créditos alocados por opção em 20 de junho de 2016, e do valor justo dos créditos reestruturados, cujos totais correspondem, respectivamente, a 67.751 milhões de reais [16 mil milhões de euros] e 18.949 milhões e reais [4,49 mil milhões de euros]. A referida nota explicativa contém informações detalhadas a respeito dos efeitos do plano de recuperação judicial estimados pela administração nas demonstrações financeiras da companhia, as quais foram arquivadas junto à CVM por meio do Sistema Empresas.net e divulgadas ao mercado no dia 12 de abril de 2018. A referência a um valor estimado da Companhia como resultado dos efeitos previstos do Plano teve como base uma percepção da média de avaliações independentes preparadas por analistas de mercado que acompanham a Companhia”.

Assim, com base em estimativas de analistas, a Oi antecipa ficar com uma dívida de 19 mil milhões de reais (4,5 mil milhões de euros), depois da conversão de créditos. O valor da operadora ficará nos 15 mil milhões de reais, ou seja, 3,5 mil milhões de euros.

Os acionistas já estão a desfazer-se das ações da Oi, antes da conversão, para evitar o efeito da diluição. Hoje mesmo foi comunicado ao mercado que o fundo da Discovery Capital Management (detido por Robert K. Citrone), que tinha 4,99% vendeu ações da operadora de telecomunicações e deixou de ter uma participação qualificada, ao descer a sua posição para 1,99%.

Recorde-se que a ex-PT SGPS, hoje Pharol, que herdou a participação na Oi adquirida no tempo da liderança de Zeinal Bava e quando o BES era o acionista estratégico da PT, e que é de 22,24% através da sua subsidiária Bratel, passará a ser de 7,66% após a conversão da dívida em capital.

A Oi está num processo de recuperação judicial desde 2016 (equivalente ao PER português) com o objetivo de reduzir o passivo que ronda os 65,4 mil milhões de reais (cerca de 16 mil milhões de euros). O Plano de Recuperação Judicial propõe-se a reduzir o passivo da empresa através da conversão de 72,12% da dívida dos obrigacionistas (credores) em capital.

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