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Juan Carlos Conesa: “Outra grande recessão na Europa seria muito pior para os mercados de dívida”

O professor de Economia na Stony Brook University, em Nova Iorque, Juan Carlos Conesa, esteve em Portugal para conduzir o seminário ‘Optimal Austerity’, organizado pelo Banco de Portugal.  Em declarações ao Jornal Económico, alerta para a vulnerabilidade das economias europeias face a uma potencial nova crise, com o aumento da dívida na maioria dos países.
Stringer/Reuters
14 Dezembro 2017, 07h35

“A pior parte da crise da dívida no verão de 2012 foi evitada pela intervenção do BCE sob a direção de Mario Draghi. Isso não significa que esse episódio não possa acontecer novamente no futuro”, explica Juan Carlos Conesa, acrescentando que “os níveis de dívida na maioria das economias europeias são muito maiores agora do que em 2008, de modo que a vulnerabilidade aos potenciais problemas de pânico nos mercados de dívida ainda deve ser uma preocupação”.

Para o economista, “parece sensato” baixar o nível da dívida no PIB e aumentar o prazo de vencimento médio com o intuito de diminuir a vulnerabilidade a uma potencial recessão futura, para evitar que “se outra grande recessão atingisse a economia europeia, as consequências para os mercados de dívida” serem “muito piores”.

“Isso não significa que seja necessária mais austeridade – no sentido de cortar despesa. Isso só significa que seria prudente resistir à tentação de aumentar a despesa pública ao mesmo ritmo da retoma das receitas fiscais”, sublinha.

“A questão do compromisso é crucial aqui, uma vez que os governos são sempre tentados, ou pressionados por outros, a aumentar a despesa de acordo com o aumento das receitas fiscais, mas a preocupação com possíveis recessões futuras exige alguma prudência”, adverte.

Sobre o caso português, embora reconheça, não estar bem familiarizado com os dados, diz que “a economia está a crescer acima das expectativas e que as receitas fiscais recuperaram do impacto negativo da recessão de 2008-09. A proporção da dívida para o PIB caiu, mas ainda é muito alta, cerca de 130%”.

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