Depois das polémicas declarações sobre o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, veio esta quinta-feira defender-se, dizendo que a sua “imparcialidade é total”. Ferro Rodrigues garante que em momento algum dificultou o processo de escrutínio ao banco público, como acusa a ala parlamentar da direita, e, numa crítica velada ao PSD e CDS, sugere que se habituem “às novas regras e às novas circunstâncias democráticas da Assembleia da República”.
“Efetivamente a minha imparcialidade é total. É evidente que há pessoas que continuam a pensar que a maioria é a mesma de há um ano e meio, mas, infelizmente para elas, não é e portanto, têm que se habituar às novas regras e às novas circunstâncias democráticas da Assembleia da República”, afirmou Eduardo Ferro Rodrigues, à margem da 11.ª sessão plenária da Assembleia Parlamentar para o Mediterrâneo (APM), a decorrer no edifício da Alfândega do Porto.
No centro da tensão entre a direita e o número dois do Estado português está o processo da CGD.
Segundo o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, Eduardo Ferro Rodrigues “teve uma intervenção muito infeliz” no âmbito da comissão de inquérito ao banco público. “Começou por levantar obstáculos sem fundamento à delimitação do objeto inicial e chegou ao limite de, na conferência de líderes, dizer ao PSD e ao CDS que era um mau serviço ao parlamento suscitar o assunto do boicote a que estamos a ser sujeitos”, afirma Luís Montenegro em entrevista ao jornal ‘Público’.
“No dia em que Ferro Rodrigues assumiu esta função [de presidente da Assembleia da República] tive a coragem de lhe dizer que ele ainda não tinha dado garantias de imparcialidade para o exercício da função. Ele tem dado razão a essa minha dúvida”, acusa Luís Montenegro. O social-democrata garante ainda que o PSD irá “até ao fim” neste processo, e fará de tudo para que sejam asseguradas “condições mínimas de escrutínio da ação governativa”, neste momento de “claustrofobia democrática”.
Cristas: “Maioria de esquerda unida oprime a direita”
Também o CDS está descontente com o desempenho do presidente da Assembleia da República na condução dos trabalhos à Caixa, acusando-o de ter impossibilitado o escrutínio do processo de demissão e nomeação da nova administração do banco público.
A líder do partido, Assunção Cristas, defende que “a maioria de esquerda unida oprime a direita”, com a conivência de Ferro Rodrigues e já anunciou que vai a falar pessoalmente com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para lhe “contar o que se passa no Parlamento”, esta sexta-feira a seguir ao almoço.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa deixa o aviso: “Não sou pressionável a não ser condicionado pela Constituição, pelo regimento e pelas leis, não por qualquer entrevista de um dirigente político”.
Segundo avança o jornal ‘Expresso’, Marcelo Rebelo de Sousa convidou Ferro Rodrigues para um almoço, também esta sexta-feira, em Belém, antes de receber Assunção Cristas. Ao que tudo indica o presidente quer serenar os ânimos no hemiciclo, ouvindo primeiro o presidente do Parlamento e só depois as queixas dos partidos.
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