O ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade integra um consórcio que acaba de ganhar um contrato para prestar serviços de apoio às atividades de operação e de montagem, integração e teste de foguetões e de satélites na base espacial de Kourou, na Guiana Francesa. O contrato tem uma validade até 2022, com hipótese de ser prorrogado até 2024, pelo que o contrato-base de cerca de três milhões de euros para o ISQ poderá chegar ao montante de 3,5 milhões de euros.
“Temos vários contratos em curso em diversas áreas no porto espacial de Kourou, mas este é um dos maiores alguma vez atribuídos. Este é um setor em crescimento, porque a quantidade de entidades que colocam satélites em órbita é cada vez maior. Está a subir exponencialmente”, sublinha Paulo Chaves, responsável da divisão de aeronáutica e espaço do ISQ, em declarações ao Jornal Económico.
Este responsável explica que o crescente número de aplicações nos telemóveis ou nos tablets obriga à existência crescente de satélites. Em Kourou, no Centro Espacial Europeu, o número de lançamento de satélites por ano praticamente duplicou nos últimos dez anos, garante Paulo Chaves.
A importância deste contrato para o ISQ e para Portugal é a incorporação muito forte de capital humano e de tecnologias nacionais. “No porto espacial de Kourou, os prestadores de serviços são europeus, mas os clientes são de todo o Mundo. E a nossa presença e a nossa contribuição quer dizer que pode haver mais entidades portuguesas a incorporar esta cadeia de valor e de conhecimento”, defende o responsável do ISQ.
De acordo com este responsável, estão a surgir, de forma mais ou menos generalizada, portos espaciais mais pequenos e especializados para lançamento de micro e de nano-satélites.
“As cargas grandes para o espaço são enviadas através da base espacial de Kourou, mas todo este conhecimento passa a poder ser replicado para space ports [portos espaciais] mais pequenos, especializados no lançamento de micro e de nano-satélites”, alerta Paulo Chaves.
O responsável do ISQ para os setores espacial e da aeronáutica, acrescenta que, “deste modo, o número de space ports vai aumentar bastante em todo o Mundo e nós poderemos ter uma palavra decisiva a dizer nessa matéria, porque estamos com estes contratos na base de Kourou a ganhar conhecimentos e competências, o que nos pode proporcionar mais negócios, mais emprego”. “Trata-se de um círculo virtuoso”, conclui.
O contrato ganho pelo ISQ enquadrou-se num consórcio, o GIE ESQS – Industrial Grouping of European Companies
Em Kourou, o ISQ tem sete pessoas permanentes, além de outros técnicos especializados para missões 100% dedicadas ao centro espacial na Guiana Francesa.
A aposta do ISQ neste segmento de atividade não é de agora e não passa apenas pela base espacial de Kourou. “Neste momento, o ISQ está integrado num outro consórcio, liderado pela tecnológica portuguesa Tekever, que se pretende especializar no fabrico de micro-satélites”, revela Paulo Chaves.
Segundo a opinião deste responsável do ISQ, “se tudo correr bem, teremos outras situações interessantes”, para além destas duas frentes de investigação já abertas.
“Estamos perante uma oportunidade, porque se trata de um mercado em grande crescimento, que tem muito espaço aberto, com menos barreiras à entrada. Temos de tentar aproveitar o mais possível”, conclui Paulo Chaves.
Recorde-se que em 2015, o ISQ instalou em Castelo Branco um Centro de Ensaios Estruturais para a Aeronáutica e Espaço, “para responder aos requisitos da indústria aeroespacial na fase de desenvolvimento, incluindo na área da qualificação de protótipos, simulação ambiental e envelhecimento acelerado”.
Alguns dos parceiros de referência do ISQ neste projeto são a Embraer, OGMA, TAP, Luso space, Tekever, Thales-Alenia, Space Agusta Westland, EADS-Airbus, SNECMA, Solide Astrium e NASA, entre outros.
Entre outros clientes internacionais, como programas científicos e tecnológicos de referência, o ISQ conta, por exemplo, com o CERN, para inspeção e garantia de qualidade do famoso acelerador de partículas. Nos últimos 25 anos, o ISQ participou em mais de 400 projetos de investigação & desenvolvimento (I&D) com mais de mil parcerias internacionais constituídas até ao momento.
Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.
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