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Quando advogados se unem para tocar Rock

O Rock’n’Law é uma iniciativa que une o sector da advocacia de negócios em torno de um projecto conjunto de responsabilidade social. A próxima edição está marcada para 13 de outubro, em Lisboa, e conta com a colaboração de várias sociedades de advogados.
12 Outubro 2017, 07h05

A primeira vez que Francisco Proença de Carvalho ouviu alguém falar de uma coisa parecida com o que viria a ser o Rock ‘n’Law foi numa conversa informal com o sócio e amigo António Villacampa. “Foi o António que me fez notar a quantidade de advogados que partilhavam um talento musical assinalável e que devíamos pensar em organizar um evento musical para apoiar causas solidárias. Pensei que estava meio a brincar, mas afinal não”, conta o advogado, baterista da banda “Os Heróis del Despacho” (da Uría Menéndez – Proença de Carvalho).

A ideia ganhou forma pela iniciativa de alguns advogados. A 1.ª edição, em 2009, ainda sem Francisco na organização, foi montada em poucas semanas. “A verdade é que, sem grande esforço, apareceram cerca de mil pessoas no antigo BBC. Ou seja, resultou e despertou a convicção de que não podíamos deixar morrer esta ideia e que, pelo contrário, teríamos que a levar mais longe”, diz.

Atualmente, são 12 os organizadores, mas o evento começou com sete. A edição deste ano decorrerá no dia 13 de Outubro no KAIS, a partir das 21h00, e conta com a colaboração de várias sociedades promotoras: CMS Rui Pena & Arnaut; Cuatrecasas, Gonçalves Pereira; DLA Piper ABBC; FCB & Associados; Garrigues; Gomez-Acebo & Pombo; Linklaters; Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados; PLMJ; SRS Advogados; Uría Menéndez – Proença de Carvalho e Vieira de Almeida.

“A parte da música dá-nos muito gozo e claro que é uma noite de diversão, mas – e isto é absolutamente marcante desde a primeira edição do Rock ‘n’ Law – trabalhámos sempre com um desígnio: que os apoios recolhidos tivessem, de facto, impacto na vida de quem deles beneficiasse. Começou por ser uma festa praticamente só para advogados, mas foi alargando cada vez mais o seu mercado. Hoje em dia, continua a ser uma festa e um festival de bandas de advogados (com muita qualidade, diga-se), mas ao qual vão quase 2000 pessoas com o intuito de ajudarem e de se divertirem mesmo muito. É um ponto de encontro das várias gerações da profissão, na qual participam cada vez mais pessoas que estão ligadas a outros setores da justiça (como por exemplo juízes) ou mesmo que nada têm que ver com a advocacia, mas simplesmente apreciam a ideia de ajudar com uma noite muito bem passada”, explica Francisco ao Jornal Económico.

Por outro lado, a organização está cada vez mais parecida com a de um verdadeiro festival. Além dos voluntários das diferentes sociedades e do trabalho conjunto com o projeto apoiado, tem uma produção profissional e patrocínios relevantes de algumas das principais empresas do mercado português, sem os quais não seria possível obter donativos para os projetos apoiados. “Somos profundamente agradecidos aos nossos patrocinadores que já confiam nesta organização como uma referência com provas dadas no apoio a quem mais precisa. Acreditámos que quanto melhor organizássemos o evento mais capacidade teríamos de angariar donativos e confirmou-se”, acrescenta o baterista.

Até ao momento já foi entregue um total de 471.693 euros aos projetos apoiados. “Com a ajuda de todos os que forem ao evento, este ano superaremos com certeza a simbólica barreira dos 500.000 euros. E esperamos não ficar por aqui”, apela Francisco Proença de Carvalho.

O Rock ‘n’ Law está bem estruturado e foi afinando a forma como era escolhido o projeto a apoiar. “O modelo a que chegámos, e que funciona muito bem, assenta num Comité de Causas composto por membros de todas as sociedades organizadoras. Numa primeira fase, este Comité propõe, fundamentadamente, duas causas potencialmente a apoiar e depois a causa escolhida resulta de uma votação das sociedades organizadoras”.

Este ano a escolha recaiu sobre a causa das pessoas sem-abrigo que, de resto, é também um desígnio do Presidente da República. “Depois de decidida a causa, lançamos um processo de candidaturas – um concurso – para que as entidades apresentem os seus projetos. Costumamos receber várias dezenas de candidaturas. Depois de o Comité analisar em profundidade as candidaturas, decidimos, também por votação, a que vamos apoiar. Este ano a escolha recaiu sobre o projeto ‘Casas Primeiro’ da AEIPS, que proporciona casa a pessoas que vivem na rua com doença mental, acompanha-as e integra-as na sociedade”, explica o advogado da Uría Menéndez – Proença de Carvalho.

“Custa-nos mesmo muito recusar alguns projetos extremamente válidos. Curiosamente, a AEIPS que apoiamos este ano foi uma finalista vencida do ano passado. Ficou-nos na cabeça. Mas já apoiámos outras causas: a luta contra a fome, a luta contra a violência doméstica, a integração profissional de pessoas com deficiência e o apoio aos idosos carenciados”.

Francisco Proença de Carvalho é o coordenador deste projeto. “Retiro imenso prazer e orgulho-me imenso desta função. Mas, na verdade, sou apenas uma entre várias pessoas que ajudam a tornar o Rock ‘n’ Law possível. Nós, advogados, somos especialmente opinativos e não é fácil arranjarmos plataformas comuns de entendimento. O grande desafio de coordenar é ajudar a que as diferentes sensibilidades se conjuguem para que o evento aconteça e seja bem-sucedido. Até hoje nunca falhámos e estou convencido que nunca falharemos porque, quando o tema é ajudar quem precisa, comprovo todos os anos que o mundo da advocacia não é tão cinzento como as pessoas pensam e, para além ter bons profissionais e músicos talentosos, está cheio de boas pessoas”, conclui o advogado.

Presidência da República concede o Alto Patrocínio ao Rock ‘n’ Law
O Presidente da República lançou o repto em Abril: que em 2023 não haja um único cidadão sem teto em Portugal. Esta foi também a causa escolhida este ano pelo Rock ‘n’ Law, o evento de solidariedade da responsabilidade das principais sociedades de advogados nacionais.

Marcelo Rebelo de Sousa atribui agora o Alto Patrocínio da Presidência da República ao Rock ‘n’ Law, chamando a atenção para o evento, cujo sucesso de todos depende. O Rock ‘n’ Law quer contribuir para este desígnio: que Portugal venha a ser um país onde todos têm uma casa, onde o direito ao abrigo é de todos. “O objetivo é angariar o máximo possível de fundos para apoiar o projeto “Casas Primeiro”, que vai proporcionar casa a 25 pessoas com doença mental.

Este ano, o palco da 9ª edição do Rock ‘n’ Law é montado no Kais, com um cartaz de oito bandas de sociedades de advogados e a festa segue com um DJ convidado. A entrada no evento é feita mediante a contribuição de 20 euros que revertem na totalidade para a AEIPS, após dedução dos custos do evento. Os bilhetes encontram-se à venda em www.rocknlaw.pt, bem como o NIB para donativos.

As histórias das vidas novas de quem já foi apoiado pelo ‘Casas Primeiro’ podem ser acompanhadas no facebook do Rock ‘n’ Law, em https://www.facebook.com/Pagina.Rock.n.Law, e no site www.rocknlaw.pt. l

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