As propostas vinculativas para a compra da Portgas, segunda maior distribuidora de gás natural em Portugal, serão entregues até ao final desta semana e são esperadas ofertas da REN e de vários fundos de investimento internacionais, apurou o Jornal Económico junto de fontes ligadas ao processo. A proposta da REN deverá incidir sobre as infraestruturas de transporte de gás natural e não sobre o negócio de fornecimento a clientes finais.
A venda dos ativos de distribuição de gás em Portugal e Espanha poderá servir para reduzir a dívida da EDP, que atualmente ronda os 15,9 mil milhões de euros, tal como noticiou o “Jornal de Negócios” na semana passada.
Para a REN, a eventual compra dos ativos de distribuição de gás da EDP permitirá reforçar a sua rede de transporte de gás natural. Questionada pelo Jornal Económico, fonte oficial da energética liderada por Rodrigo Costa não quis comentar.
Na corrida deverá estar ainda o fundo Partners Group, mas até ao fecho da edição não foi possível confirmar esta informação. Já o fundo Cube, que chegou a avaliar a compra deste ativo da EDP, não vai entregar proposta. “Não estamos envolvidos neste processo”, disse ao Jornal Económico o presidente-executivo (CEO) do Cube, Renaud De Matharel.
A Portgas é a segunda maior distribuidora de gás natural do país e detém a concessão para o desenvolvimento da rede de distribuição em 29 municípios dos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo. A venda do negócio de distribuição de gás da EDP no Norte de Portugal, que está a ser assessorada pelo BCP Investimento e pelo BBVA, tem lugar numa altura em que o grupo pondera também a alienação da Naturgas, a distribuidora que detém em Espanha. Segundo noticiou a agência Bloomberg, no mês passado, a EDP mandatou o JP Morgan Chase e a Morgan Stanley para estudar a venda desses ativos em Espanha, prevendo-se que a operação possa render um encaixe superior a dois mil milhões de euros. E segundo o site espanhol “El Economista”, entre os interessados na Naturgas estão os fundos Ardian, Arcus, JP Morgan Infrastructure e KKR.
Na Portgas, o encaixe potencial será muito menor mas ainda assim a EDP deverá colher os benefícios da recente valorização dos ativos de gás. A venda terá lugar favorável para a venda destes ativos, depois de em outubro a Galp ter obtido luz verde de Bruxelas para vender 22% da líder de mercado, a Galp Gás Natural, ao grupo japonês Marubeni, por 138 milhões de euros, o que representa um múltiplo de ‘enterprise value’ de 11,5 vezes o EBITDA previsto para o ano de 2016. Este múltiplo elevado deverá permitir à EDP maximizar o encaixe com a venda da Portgas e eventualmente da Naturgas, segundo fontes do mercado. Recorde-se que no final de 2015, altura em que a EDP reforçou a posição na Portgas para 97% do capital, a empresa de distribuição estava avaliada em 16 8 milhões de euros.
Contatada pelo Jornal Económico, fonte oficial da EDP não fez comentários.
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