Porque é que os Estados Unidos transferiram a embaixada?
Para mostrarem ao mundo que apoiam a ocupação dos territórios palestinianos do Médio Oriente por parte de Israel. E não é apenas Jerusalém – cuja parte ocidental foi ocupada por Israel em 1967, na sequência da chamada Guerra dos Seis Dias – mas parte substancial do território que chegou a ser da Palestina.
Quem mais apoia esta transferência?
Muito poucos países, como ficou provado na votação que aconteceu nas Nações Unidas em dezembro passado, durante a qual 128 países deixaram claro que não apoiavam a decisão de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Mas hoje mesmo essa reprovação planetária – a que se juntou o Vaticano – ficou mais uma vez evidenciada pelo facto de menos de metade das representações diplomáticas de 87 países convidados para assistirem terem aceitado o convite. A Europa recusou quase em bloco (Portugal incluído), com a exceção da República Checa, Áustria, Roménia e Hungria. Nem a própria Arábia Saudita, um dos países que tem apoiado os Estados Unidos de forma mais evidente, conseguiu colocar-se ao seu lado na questão da embaixada.
Que consequência vai ter a transferência?
Desde logo, o aumento da tenção na região. Hoje mesmo, e até agora, já morreram 37 palestinianos em confrontos com a polícia israelita, naquele que é já o dia mais sangrento desde 2014, segundo as agências internacionais. A recusa da Palestina em aceitar a imposição de Jerusalém como capital política de Israel vai manter-se, de onde se depreende com facilidade que o ambiente de tensão, os recontros violentos e as mortes vão continuar. A decisão de Trump bloqueia, por outro lado, as negociações para a paz – em que Israel nunca se empenhou verdadeiramente – pelo que o maior foco de tensão do Médio Oriente vai tender a eternizar-se.
As potências regionais vão aceitar?
Dificilmente. Ainda hoje, o presidente da Turquia, Recep Erdogan, disse publicamente que passaria a compreender Jerusalém Oriental como a capital do Estado da Palestina. Por aqui se percebe que a tensão na região, nomeadamente na Síria – onde forças israelitas e iranianas se têm defrontado – vai continuar a crescer. Mais difícil é compreender o alcance dos repetidos apelos à sublevação da parte de uma série de grupos que apoiam os palestinianos. Mas tudo indica que uma nova intifada pode estar a caminho.
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