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Respostas Rápidas: Santa Casa no Montepio, sim ou não?

O investimento que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pretende realizar no Montepio Geral está longe de ser consensual. Conheça os pormenores desta operação que, a concretizar-se, fará da Santa Casa a segunda maior acionista do banco mutualista.
9 Janeiro 2018, 09h40

Quanto pretende investir a Santa Casa no Montepio?

A Santa Casa pretende investir 200 milhões de euros na compra de 10% do banco. O restante capital continuará a ser detido pela Associação Mutualista Montepio Geral, liderada por Tomás Correia. A entrada de um novo investidor surge na sequência da transformação do Montepio em sociedade anónima, que foi acertada com o Banco de Portugal. O supervisor pretende que o Montepio tenha uma estrutura acionista o mais diversificada possível, de maneira a depender menos da Associação Mutualista.

De quem partiu a ideia?

Segundo o ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, que tem a supervisão da Associação Mutualista e a tutela da Santa Casa, a ideia de entrada desta instituição no setor financeiro partiu de Pedro Santana Lopes, ex-provedor e atual candidato à liderança do PSD. O ministro admitiu, no entanto, que a sugestão para a Santa Casa entrar no Montepio e não noutro banco foi ideia do Governo, tal como o “Expresso” tinha noticiado.

Porque é que o Governo quer a Santa Casa no Montepio?

Para o Governo, a entrada da Santa Casa constitui uma segurança adicional. A Santa Casa, que tem a concessão do Euromilhões, do Totoloto, do Totobola e das lotarias, é uma entidade tutelada pelo Governo e tem disponibilidades financeiras consideráveis. Em caso de necessidade, terá capacidade para injetar capital adicional no banco, reduzindo assim o risco para os associados da Mutualista. Por outro lado, a Santa Casa é uma instituição do Terceiro Setor e, por isso, vai ao encontro da intenção da Associação Mutualista de transformar o Montepio num “banco social”, que levou entretanto à substituição do CEO José Félix Morgado por Nuno Mota Pinto. Félix Morgado entrou em rota de colisão com Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, por entre outras coisas discordar da ideia do Montepio como “banco social”.

Porquê a polémica?

Essencialmente por duas razões. A primeira é que a banca é um setor que tem tido problemas de rentabilidade e é considerado um investimento arriscado. No caso do Montepio, o banco regressou aos lucros durante o ano de 2017, mas ainda não completou o processo de recuperação após as fortes perdas dos últimos anos. A segunda razão é que a Santa Casa não foi criada para investir em bancos, sendo uma instituição de cariz social. Os críticos da operação dizem, por isso, que a entrada da Santa Casa no Montepio será tirar aos pobres para dar aos ricos. “Dinheiro dos pobres salva banco português”, escreveu o jornal espanhol “El País”.

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