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Retoma das bolsas na Europa após entendimento na Alemanha. Lisboa é excepção

Sessão de ganhos para a maioria dos índices europeus, com a exceção do PSI 20. O acordo na Alemanha aliviou as preocupações dos investidores. Bolsas em alta e juros soberanos em baixa. Os analistas do Millennium investment banking salientam a valorização das ações dos bancos: “na Banca a compra de ativos do Commerzbank por parte do Société Général dá continuidade à tese de necessidade de consolidação no setor”.
Reuters
3 Julho 2018, 17h34

O PSI 20 não se conseguiu segurar em terreno positivo, e fechou com uma queda ligeira de 0,01% para 5.487,72 pontos. A maior queda coube à Mota-Engil que fechou em queda de  -2,24% para 2,835  euros, isto um dia depois de ter anunciado ter ganho dois contratos para a reabilitação e manutenção de 340 quilómetros de estrada no Uganda, no valor de 138 milhões de euros e a serem financiados pelo Banco Mundial.

São 10 os títulos em queda no índice português. O BCP, por exemplo, perdeu  -0,31% para 0,2534 euros. Os CTT deslizam -0,76% para 2,868 euros.

No sentido inverso, em alta a estrela foi a Galp que ascendeu 1,51% para 16,455 euros. o título reage à entrevista ao Jornal de Negócios, de Thore Kristiansen, Co-COO da Galp, que indicou que a petrolífera está a posicionar-se no segmento de energias renováveis, investindo na energia solar. Kristiansen diz que a Galp está a investir em painéis solares em Portugal, estando a construir e a desenvolver parques solares.

Para além da Galp apenas fecharam a subir as EDPs. A EDP Renováveis valorizou 0,84% para 8,990 euros e a EDP subiu 0,29% para 3,42 euros. Isto no dia em que se sabe que António Vitorino, embora não seja oficial ainda, já não vai presidir à mesa da Assembleia Geral que vai decidir a OPA da China Three Gorges.

As bolsas da Europa responderam bem “a uma Alemanha mais tranquila, depois de resolvido as questões de política migratória entre o CDU e o CSU”, dizem os analistas do Millennium BCP Investment Banking.

O britânico FTSE 100 subiu 0,60% para 7.593,3 pontos; o índice global europeu EuroStoxx 50 valorizou 1,01% para 3.406,3 pontos; o francês CAC subiu 0,76%; o alemão Dax cresceu 0,91% para 12.349,1 pontos; a bolsa italiana valorizou 1,57%  e o IBEX de Madrid ganhou 1,07% para 9.660,9 pontos.

A banca foi o setor que mais brilhou na Europa, excepto em Portugal. O BBVA subiu 1,24%; o Santander 1,1%; o CaixaBank valorizou 1,04%; o alemão Deutsche bank subiu 1,16%; o Commerzbank fechou com ganhos de 0,56%. O mesmo se passou com o inglês Barclays que subiu 0,19%; o italiano Intesa subiu 2,05% os franceses Société Générale e BNP Paribas valorizaram 0,58% e 0,47% respetivamente. Por cá o BCP fechou em queda.

Isto na sequência da notícia que a Société Générale avança para a compra de ativos do Commerzbank. O banco francês fica com as unidades de equities e commodities do Commerzbank. Os termos do negócio não foram divulgados mas o banco francês diz que terá um impacto positivo no return on tangible equity.

Os analistas do Millennium investment banking dizem que “na Banca a compra de ativos do Commerzbank por parte do Société Général dá continuidade à tese de necessidade de consolidação no setor”.

Mas a notícia que mais marcou os mercados foi o facto de a chanceler alemã Angela Merkel e o líder do CSU terem chegado a acordo quanto à política de migração. Seehofer indicou que irá manter-se no cargo depois de alcançado um entendimento sobre política migratória.  A chanceler alemã Angela Merkel (CDU) e o seu ministro do Interior, Horst Seehofer (CSU), acordaram a criação de “centros de trânsito” a instalar dentro das fronteiras alemãs.

A apreciação do euro face ao dólar (+0,14% para 1,1655 dólares) também é reflexo deste sentimento, adiantam os analistas do BCP.

No entanto, e apesar desse acordo ter enterrado o machado de guerra na aliança conservadora entre a CDU e a CSU, já gerou discordância de outro parceiro de governo (SPD). Segundo a imprensa o SPD considera frágil o acordo obtido entre Merkel e Seehofer na medida em que o mesmo pressupõe acordos bilaterais com outros Estados-membros para que estes aceitem receber de volta os migrantes em causa, sendo que, para já, Berlim chegou a acordo com apenas 12 países, entre os quais Portugal, Espanha e Grécia.

Os juros soberanos também reflectem o impacto deste acordo na Alemanha. Os juros das bunds alemãs caem 1,00 pontos base para 0,294%. Os juros a 10 anos de Portugal também caem. A yield está em 1,735% (-2,8 pontos base). Espanha vê os juros descerem 0,6 pontos base para 1,292% e Itália com juros a melhorarem 1,5 pontos base para 2,636%.

Os analistas do Millennium BCP salientam ainda dados macroeconómicos. As vendas a Retalho na Zona Euro voltaram a abrandar crescimento em maio. O aumento homólogo de 1,4% foi o mais fraco desde janeiro e vem depois dos 1,6% de abril. “São dados que mostram um ambiente mais fraco a este respeito no 2º trimestre, o que limita o sentimento no setor, que em Portugal conta com cotadas como J.Martins e Sonae. No exterior Carrefour, DIA ou Inditex são outros exemplos”, dizem os analistas do BCP.

O petróleo cai nesta altura. O Brent em Londres desce 0,06% para 77,24 dólares e o WTI nos EUA perde 0,11% para 73,86 dólares.

 

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