Um ano após o triunfo histórico de Virginia Raggi, do Movimento 5 Estrelas (M5S), como presidente da câmara da capital da Itália, Roma, a 19 de junho de 2016, um alargado conjunto de associações e comités decidiu subscrever um documento a que chamaram ‘Manifesto pela Dignidade”, onde acusam a autarca de ter abandonado a cidade.
Raggi foi eleita com 68% dos votos expressos, praticamente a mesma percentagem de romanos que atualmente criticam a sua gestão. O jornal ‘República’ publicou uma sondagem que refere que 70% dos habitantes de Roma consideram a prestação de Raggi um verdadeiro desastre e que apenas 16,7% dos romanos voltaria hoje a votar nela.
Os assinantes do manifesto queixam de que Roma se transformou num verdadeiro caos, com uma trânsito impossível, os transportes públicos sem qualquer eficácia, um nível de serviços do terceiro mundo e toneladas de lixo ao abandono pelas ruas. Segundo o jornal, Virginia Raggi desperdiçou o seu enorme capital político inicial depois de cometer uma série interminável de erros e gafes “inacreditáveis”.
Como dificilmente podia deixar de ser em Itália, a corrupção também ajudou ao caos: um vice do seu gabinete foi preso por alegadamente participar num esquema ilegal e Raggi rapidamente sucumbiu à forte luta interna no M5S que a partir daí foi despoletada.
Segundo relatos da imprensa, quase 40% dos autocarros públicos e das carriagens do metro, permanecem avariados todos os dias; ao mesmo tempo, há bairros residenciais que chegam a estar mais de 20 dias sem recolha dos detritos domésticos – de que resultou a extraordinária proliferação de ratos, mosquitos, gaivotas e insetos de toda a ordem. Raposas e javalis, segundo esses relatos, também já foram vistos no interior do perímetro urbano. As más condições das ruas parecem ser as principais responsáveis por uma média de 12 acidentes por dia. Finalmente, a segurança deixa muito a desejar. É por tudo isto, queixam-se os subscritores do manifesto que se percebe porque é que a candidatura de Roma à organização dos Jogos Olímpicos de 2024 foi liminarmente rejeitada.
No meio disto tudo, a prestação de Virginia Raggi pode ser um forte entrave político ao crescimento do partido lançado em 2009 pelo comediante Beppe Grillo – que desde essa altura tem vindo a apresentar fortes crescimentos em todas as frentes eleitorais. A oposição a Raggi não se cansa de aproveitar o descalabro para lembrar que o populismo do M5S nunca será uma alternativa: uma coisa é brincar, outra é a realidade.
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