[weglot_switcher]

Startup norte-americana desenvolve vacina personalizada para combater o cancro

A “Moderna Therapeutics” começou a testar uma vacina personalizada que ensina o corpo a reagir às células cancerígenas numa mulher de 67 anos com cancro do pulmão.
Mariana Bazo / Reuters
16 Novembro 2017, 12h29

A startup, avaliada em 5 mil milhões de dólares, está a desenvolver uma vacina que treina o corpo para atacar tumores.  A vacina começou a ser testada em Glenda Cleaver, uma mulher com cancro do pulmão, que estava a ser seguida no Sarah Cannon Research Institute, em Nashville, Tennesse.  Uma pequena amostra do tecido cancerígeno foi recolhida e enviada, juntamente um pequeno recipiente de sangue congelado da paciente, para Kentucky, onde entrou num sistema de “tracking”. Daí, as amostras foram enviadas para um laboratório na Costa Oeste, onde foi feito o “scan” do código genético do tumor e comparado ao do sangue, em busca das alterações malignas que deram origem ao cancro de Glenda, que se tornou na primeira pessoa a ter a sua própria vacina contra o cancro.

Sediada em Cambridge, Massachussets, a Moderna é uma das maiores startups de biotecnologia nos Estados Unidos. Desde a sua fundação, em 2010, conseguiu atrair 1.9 mil milhões de dólares provenientes de investidores e parcerias com indústrias farmacêuticas. A startup afirma que pode melhorar a forma como os fármacos são produzidos.  Os medicamentos tradicionais de biotecnologia baseados em proteínas são cultivados em cubas e colhidos de organismos vivos, um processo tedioso e caro. A empresa quer tornar possível ser o próprio corpo a criar a sua medicina, através de instruções genéticas denominadas “Messenger RNA” (mRNA).

O mRNA é depois ligado a um código informático e com a combinação certa de letras, a startup afirma ser possível entrar nos mecanismos que criam as proteínas das células para criar o tratamento dentro do próprio corpo. Se funcionar, o mRNA pode ter as mais variadas aplicações: doenças infeciosas, complicações cardiovasculares ou doenças raras. Contudo, esta tecnologia ainda não está comprovada e é difícil canalizar o mRNA para as células certas sem que o sistema imunitário as destrua.

Os investigadores acreditam que alguns cancros se espalham porque o sistema imunitário não reconhece as células malignas como “estrangeiras”. Esta vacina pode ensinar o corpo a reconhecer proteínas que só aparecem nas células cancerígenas.

Por enquanto, esta terapia está a ser testada apenas em pacientes cujos tumores já foram removidos. Se a vacina provar a sua eficácia no combate ao cancro de Glenda Cleaver e na primeira coorte de pacientes, a startup quer começar a fazer o teste em pacientes com o cancro ativo.  Espera-se que os primeiros resultados sejam divulgados no final de 2018.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.