As pessoas competentes não nascem nas árvores ao sabor da natureza. Há que formá-las. Formá-las a tempo de poderem responder aos desafios da sociedade. “Se estão convencidos que vai ser o Estado português, a administração pública portuguesa, que a tempo e horas vão dar futuro aos jovens de hoje estão enganados. Há iniciativas muito boas que estas entidades estão a promover, mas o tempo de resposta dessas iniciativas e as suas consequências na sociedade medem-se em muitos anos”.
Quem o diz em entrevista ao Jornal Económico é José Tribolet, o visionário fundador do INESC, primeiro pólo de investigação privado do país, que no Instituto Superior Técnico, onde é responsável pelas pós-graduações do Departamento de Engenharia Informática do Técnico, acaba de lançar outra iniciativa não menos importante: a Leadership Graduate Academy, que arranca com três cursos de Pós-Graduação (3º ciclo de Bolonha). O propósito é, ao que nos explica: “Preparar em volume a mão de obra qualificada necessária para que o país possa progredir, para que a riqueza seja criada, as pessoas se desenvolvam e não se entre numa espiral inflacionista de salários completamente falsa apenas porque há pouca gente qualificada.”
A oferta inovadora é acompanhada na forma não menos inovadora do modelo de acesso aos cursos. Este modelo consiste no estabelecimento de parcerias entre o Técnico e empresas com necessidades de recrutamento na área das Tecnologias de Informação ou outras empresas que queiram associar-se à iniciativa de dar oportunidades a jovens qualificados, mais ainda sem perspetivas de emprego. O Técnico já estabeleceu algumas parcerias no âmbito da pós-graduação em Engenharia de Software e dos Sistemas de Informação Empresariais, a primeira a arrancar já no mês de março. Para este curso estão abertas 30 vagas. As candidaturas que chegarem ao Técnico serão depois apreciadas pelos parceiros, que selecionarão os alunos que querem apoiar.
O Técnico abre no próximo dia 20 as suas portas às empresas que queiram envolver-se no projeto. “Acreditamos que é uma plataforma de recrutamento muito vantajosa, dado que o parceiro tem a oportunidade de ir conhecendo o seu candidato durante os seis meses de duração do curso. No final, já o conhece antes de o recrutar”, explica José Tribolet. A intenção é estender esta forma de financiamento inovadora a outros cursos.
A pós-graduação em Engenharia de Software e dos Sistemas de Informação Empresariais está estruturada em torno de três objetivos fundamentais. “Capacitar as pessoas a ficarem dotadas de uma capacidade física e mental superior à que tinham”, adianta José Tribolet. É uma espécie de passagem pelos Fuzileiros ou pelos Comandos. Durante o período intensivo de treino (o curso dura seis meses e tem 12 disciplinas, feitas à média de duas por mês), a pessoa é levada ao limite da sua capacidade, o que lhe permite descobrir do que é capaz tanto individual como coletivamente.
O programa está desenhado sobretudo para jovens que acabam de sair, por exemplo, do ensino universitário e não fazem a mínima ideia do que é o ‘mundo de cão’ do mercado de trabalho. O segundo propósito é “incutir no aluno competências para saber pensar e saber fazer”. Isto é, adquirir capacidades de pensamento analítico e computacional. Last but not least: capacitar pessoas de áreas diferentes para a Engenharia de Software e Sistemas de Informação.
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