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Universidades respondem a novos desafios com inovação

As escolas de Engenharia, Economia e Gestão que o Jornal Económico ouviu no âmbito deste Fórum estão a responder às exigências da transformação das organizações com inovação. As estratégias, embora diferenciadoras de estabelecimento para estabelecimento, contemplam, por norma, a aposta em novas áreas e disciplinas que reforçam a componente de competências pessoais e sociais, bem como o lançamento de novos formatos.
1 Novembro 2017, 12h30

Além das competências técnicas, ou hard skills, as empresas valorizam cada vez mais um conjunto de competências de nível pessoal e social. Como está a vossa escola/Universidade a adaptar a oferta para responder às exigências de transformação das organizações?

Paula Morais , Vice-reitora da Universidade Portucalense

Formar para as organizações
A Universidade Portucalense desenvolve e implementa ativamente diversas estratégias para responder às exigências de transformação das organizações. Desde logo na lecionação das diferentes unidades curriculares utilizam-se diversos métodos pedagógicos e de avaliação para desenvolvimento de competências de trabalho em grupo, gestão de tempo, comunicação, pesquisa, liderança e da língua inglesa. São dinamizados vários workshops, alguns com colaboração de empresas, focando várias temáticas como protocolo empresarial e liderança. No âmbito da liderança, promoveram-se já duas edições de um Young Leadership Bootcamp em ambiente de quartel militar. Fomenta-se a participação em projetos nacionais e internacionais de voluntariado. Propiciam-se experiências reais de trabalho, quer em estágios curriculares, existentes em quase todos os cursos de 1.º ciclo, alguns de 2.º ciclo, quer em estágios de verão e de curta duração.Incentiva-se a participação em programas de mobilidade, o que desenvolve a autonomia e responsabilidade dos alunos, melhora as competências linguísticas e o conhecimento de outras culturas. Fomenta-se ainda a participação dos alunos em atividades de organização de diversos tipos de eventos.

José Varejão, Diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Ouvir o mercado e adaptar a oferta
Há muitos anos que a Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) mantém uma colaboração próxima com diversas organizações e empresas em que uma das preocupações é precisamente a de ouvir as suas necessidades e procurar adaptar quer as modalidades de ensino e de avaliação, quer mesmo a oferta curricular a essas necessidades.
Por outro lado, a FEP é reconhecida pelo desenvolvimento de vários projetos extracurriculares de promoção de competências de nível pessoal e social, que abrangem iniciativas tão diversas como programas de visitas a empresas, a Pool de Talentos, o FEP Master’s Challenge, a participação e até mesmo a organização de competições internacionais de resolução de casos de negócios e ainda, de um modo geral, todo o apoio concedido à atividade dos 17 organismos estudantis sedeados na Faculdade. Reconhecendo a importância dessas diversas atividades complementares, a FEP iniciou, recentemente, um programa de certificação de experiências extracurriculares e de reconhecimento das competências associadas (FEP Pro-skills), dirigido a todos os estudantes da FEP que iniciaram o curso em 2017/2018, que visa sinalizar junto do mercado do trabalho a globalidade da formação dada pela Faculdade e reafirmar a qualidade dos respetivos diplomados.

Fernando carvalho, Coord. da licencia em Gestão Faculdade Economia de Coimbra

O desafio de formar o profissional completo
Na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra estamos conscientes da importância das soft skills. Implementámos um programa de Mentoring que permite aos alunos o contacto com profissionais de sucesso, dando-lhes a possibilidade de complementarem a sua formação académica com uma perspetiva do mundo profissional. Introduzimos em várias unidades curriculares o estudo de casos reais em organizações da região como forma de desenvolvimento das competências intra e interpessoais e, frequentemente, são organizadas sessões com gestores e outros profissionais. Estão em desenvolvimento unidades curriculares de Competências Transversais para a Empregabilidade e Introdução a Práticas Profissionais. O sucesso passa pelo profissional completo. É nisso que apostamos.

Miguel Varela, Director do ISG – Business & Economics School

Soft skills como diferenciação
O ISG (Instituto Superior de Gestão) desde sempre inclui no planos curriculares da sua oferta formativa, unidades curriculares que visam o desenvolvimento de competências sociais e pessoais. No campo das competências sociais, tome-se como exemplo disciplinas de cidadania e de responsabilidade social, que visam, conforme o nosso projeto educativo, formar técnicos altamente qualificados, mas sobretudo, formar bons cidadãos, incutindo valores de responsabilidade social. Também a nível pessoal, existem nos diversos planos curriculares, disciplinas como liderança, motivação de equipas, negociação, entre outras que visam desenvolver competências individuais de comunicação e de valores próprios. O ISG faculta igualmente a possibilidade dos alunos frequentarem seminários, conferências e workshops que versam as chamadas soft skills,
que funcionam cada vez mais como elemento diferenciador e que valorizam o individuo. Estas formações, bem como iniciativas empreendedoras do próprio estudante, como por exemplo o movimento associativo, são referências que vêm atestadas no suplemento ao diploma dos nossos diplomados e que criam valor num mercado cada vez mais competitivo.

Fernando Soares, Director da área de Corporate & Alumni Relations da Nova SBE

Atenta às exigências das organizações
A Nova School of Business & Economics está atenta às necessidades das organizações. Criámos recentemente um supervisory board constituído por antigos alunos e representativo de várias empresas e setores que entre outras funções partilha com a escolas desafios das organizações e aconselha a escola neste ajuste para a melhor preparação dos seus alunos para o mercado de trabalho. Por outro lado, convidamos também regularmente a nossa comunidade de antigos alunos e parceiros empresariais para virem falar aos alunos, partilhar testemunhos e treina-los em skills relevantes para entrada no mundo empresarial.
Os mestrados da Nova SBE oferecem também ao longo do percurso curricular módulos de competências pessoais, muitos deles oferecidos por empresas parceiras. A escola promove também a criação de clubes de alunos, hoje mais de 30, nas mais diversas áreas que organizam regularmente eventos e workshops para desenvolverem este tipo de competências.

David Patient, Associate Dean for Research da Católica-Lisbon

A diferença positiva nas organizações
Na CATÓLICA-LISBON, o nosso objetivo é oferecer a todos os nossos alunos o conhecimento e as competências para que se tornem melhores profissionais e para que possam fazer uma diferença positiva nas organizações a que se juntam ou que criam. Isto requer não só o conhecimento académico tradicional, habitualmente obtido na sala de aula e através dos livros, mas também a formação das soft skills. Levamos muito a sério esta última e estamos em contacto constante com as empresas para perceber que competências são mais valorizadas. Em consequência, desenhamos workshops práticos e para um pequeno número de alunos, para garantir que os participantes praticam as novas competências e recebem feedback sobre o seu desenvolvimento. No Lisbon MBA, os workshops “Friday Forum” incluem sessões focadas no desenvolvimento da comunicação, criatividade, liderança, trabalho de equipa e resiliência.
Nos programas de Mestrado, a vasta oferta de workshops “Leadership Lab” incluem sessões que se focam na comunicação interna e externa, em pensamento crítico, team building, criatividade, automotivação e gestão pessoal.
Também os nossos programas para executivos incluem agora formação comportamental em áreas específicas como negociação, conversas difíceis e liderança de equipas.
Todos os anos, a CATÓLICA-LISBON revê a oferta formativa de soft skills para todos os seus alunos, desde os novos estudantes de Licenciatura até gestores experientes, de modo a assegurar que os estamos a ajudar a desenvolver competências que o mercado quer e que vão contribuir para a progressão das suas carreiras.

Susana Fonseca , Pró-Reitora para a Inovação Curricular e Pedagógica do ISCTE

Desenvolvimento pessoal e social
No ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, desde o ano letivo 2009/10 que todos os 16 cursos de 1º ciclo de estudos (licenciaturas) integraram na estrutura curricular um conjunto de unidades curriculares (UCs) de competências transversais. Os estudantes podem escolher e inscrever-se nessas UCs, obtendo um total de seis créditos ECTS (European Credit Transfer System) num portefólio de oferta em competências interpessoais (ex. Trabalho em equipa, Gestão de conflitos), competências instrumentais (ex. Técnicas de apresentação, Organização pessoal e gestão do tempo) e competências sistémicas (ex. Pensamento crítico; Diversidade no local de trabalho), assegurado pelo Laboratório de Línguas e Competências Transversais do ISCTE-IUL. Os ciclos de estudos reúnem ainda regularmente um Conselho Consultivo, constituído por stakeholders internos e externos, de modo a discutir e a ajustar os objetivos de aprendizagem dos estudantes e os planos de estudos à realidade nacional e internacional.
Para além desta dimensão curricular, os estudantes são incentivados a envolverem-se em atividades extra-curriculares para desenvolverem competências pessoais e sociais. A IULCOME, na semana que antecede o início das aulas, promove o empreendedorismo, a criatividade, o trabalho em equipa, a comunicação e a consciência social e cultural. A UC de Voluntariado dá acesso à obtenção de 2 ECTS. E a Semana da Inovação Pedagógica promove a discussão entre empregadores, estudantes, docentes e investigadores.

Manuel Laranja, Professor do ISEG

Tradição ao serviço da inovação
As profundas transformações sociais, económicas e tecnológicas do mundo de hoje trazem alterações fundamentais no mercado de trabalho. Ao longo das suas carreiras é frequente os profissionais de gestão terem de desenhar e (re)pensar o seu percurso sendo que as soft skills assumem uma importância cada vez maior como amplificadoras das competências técnicas. Em muitos casos as carreiras profissionais tem hoje de ser entendidas como um negócio pessoal, que tem de ser gerido nas esferas pessoal, profissional e social, de uma forma eficaz e integrada.
Neste contexto a escola de formação de executivos do ISEG tem hoje vários tipos de repostas:
Desde logo o ISEG tem organizado vários tipos de aceleradores de ideias e empresas como é o caso dos cursos imersivos em Lean Startup, Lean Spark ISEG, Start@ULisboa, StartHealth@ULisboa e muitos outros. Estas ações destinam-se a quem tem ideias inovadoras de negócio e pretende validar a sua ideia junto de interessados. Por outro lado, o ISEG foi também pioneiro no lançamento do primeiro curso no país em soft skills e marca pessoal. O curso que vai na sua 4ª edição propõe uma aprendizagem através de de metodologias criativas e visuais: Points of You®, Business Model You® e LEGO ® Serious Play ™. Trata-se uma abordagem em jeito de microlearning, útil para todos os profissionais interessados nos temas da Gestão, Marketing e Recursos Humanos. Em complemento deste novo curso em Soft Skills e Marketing Pessoal o ISEG organiza também periodicamente um conjunto de eventos denominados “Rethink Yourself” onde convida os melhores especialistas em matérias ainda pouco conhecidas como Mindfulness, Resiliência, Criatividade e Inovação, Pensamento Critico, Colaboração Participativa, Sociocracia e muitos outros.O ISEG dispõe também de um inovador curso executivo em metodologias Dragon Dreaming.

Fátima Montemor, Vice Presidente para os Assuntos Acad. Instituto Superior Técnico

Preparar para o presente e o futuro
O Técnico está perfeitamente ciente das exigências do mercado de trabalho e da necessidade de valorização dos profissionais que forma diariamente. O Técnico oferece nos seus ciclos de estudo um vasto conjunto de unidades curriculares que promovem atividades que estimulam a capacidade de comunicação, a criatividade, o trabalho de equipa, a gestão, a inovação e o empreendedorismo entre muitas outras. O Técnico promove o contacto dos seus alunos com o mundo empresarial, a nível nacional e internacional, estimulando a realização de estágios, projetos e dissertações em ambiente empresarial. O Técnico tem vindo a adaptar a sua oferta académica quer através da introdução de novas unidades curriculares, com objetivos de aprendizagem centrados em ferramentas e competências flexíveis, que permitem aos seus alunos enfrentar qualquer desafio profissional, em qualquer parte do mundo, quer através do estímulo à mobilidade em ambiente internacional e empresarial.
Por outro lado, o Técnico tem criado um conjunto de oportunidades únicas como por exemplo o “ Tecnico Career Weeks” que visa ajudar os alunos na escolha do seu futuro profissional e a divulgar as actividades e necessidades das empresas, e os estágios de Verão que visam iniciar experiências de trabalho. Paralelamente são desenvolvidas outras atividades focadas no desenvolvimento académico dos alunos que envolvem competências transversais tais como gestão de tempo, ética, trabalho de equipa e muitas outras.
Os alunos formados no Técnico são os mais bem capacitados quer do ponto de vista técnico quer de um conjunto de competências que os diferencia no mercado de trabalho, e que os prepara para qualquer desafio presente e futuro.

Sofia Salgado Pinto , Dean da Católica Porto Business School

Trabalho Articulado com a comunidade
A Católica Porto Business School promove anualmente um conjunto de iniciativas com as organizações, com vista à recolha de informação sobre o desempenho dos nossos graduados e sobre as necessidades de compe tências a cinco e dez anos. Com base nesta informação a Católica Porto Business School tem introduzido ao longo dos últimos 10 anos nos seus programas, em todos os ciclos de estudo (licenciatura, mestrados e formação executiva), ferramentas de desenvolvimento dos alunos que complementam a aprendizagem técnica e conceptual. Assim, os nossos alunos são avaliados num conjunto de competências transferíveis (soft skills) identificadas como importantes para as empresas, como por exemplo, capacidade de tomada de decisão, capacidade de relação interpessoal, capacidade de trabalho de equipa e pensamento crítico, e são chamados a participar em projetos multidisciplinares, têm acesso a coaching individual e de grupo, a um programa de mentoring e a workshops, onde as diferentes competências podem e são trabalhadas ao longo do tempo. A Católica Porto Business School é referência nesta abordagem que faz de trabalho combinado de competências técnicas e transferíveis (de nível pessoal e social, como menciona), ao inclui-lo nos diferentes programas em todos os níveis de ensino e ao ter uma equipa dedicada de 10 profissionais especialistas e dedicados só para o acompanhamento deste trabalho de desenvolvimento. Começamos a trabalhar desta forma há 10 anos, em contínua articulação com as empresas empregadoras dos nossos diplomados, empresas parceiras e com as organizações da nossa comunidade.

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