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“Vamos investir 100 milhões em Portugal e Espanha”

Grupo controlado por capitais israelitas, norte-americanos e alemães vai continuar a investir no mercado nacional. O CEO da empresa explica a estratégia, em entrevista exclusiva ao Jornal Económico.
4 Julho 2017, 18h45

Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, Enrique Castiblanques, presidente executivo da Indáqua, uma parceria entre o grupo israelito-americano Myia Water e o fundo de investimentos alemão Talanx, assume a posição de liderança no setor de concessões privadas de abastecimento de água em Portugal e revela novos investimentos do grupo na Península Ibérica até 2019.

Como encara o presente e o futuro da Indáqua, no papel de um dos líderes do setor concessionado das águas em Portugal?

A Indáqua tem um foco que assenta em três pilares fundamentais: crescimento, eficiência operacional e apoio a políticas sociais. O mercado de concessões em Portugal é cíclico, e a fase que vivemos agora é menos ativa, mas acreditamos que se trata apenas de uma fase, pois as concessões irão continuar a existir, pois são boas e fazem todo o sentido.

Além disso, parte do nosso crescimento vai centrar-se no desenvolvimento do negócio de prestação de serviços e partilha de benefícios (água não faturada e redução das infiltrações), cuja remuneração está baseada no nosso desempenho, na nossa capacidade real de alcançar resultados.

De que forma é que os acionistas da Indáqua estimam investir nas atuais concessões, em novas concessões e/ou em crescimento por via aquisitiva, para manter essa posição de liderança no setor em Portugal?

No que respeita a aquisições, queremos realizar um investimento de 100 milhões de euros até 2019 entre Portugal e Espanha. O interesse da Indáqua passa por procurar empresas que precisem de ganhar eficiência e melhorar desempenho em toda a cadeia de valor, da captação à distribuição de água.

No fundo, o acionista principal, o grupo Miya, reserva à Indáqua um papel especial, pois quer que a Indáqua seja o centro operativo de concessões a nível mundial. Investir em Portugal é fulcral para que a experiência adquirida seja exportada a nível internacional.

Neste momento, as operações da Mya em países como Jamaica, Brasil, Bahamas já contam com a colaboração da Indáqua a partir de Portugal.

No seu entender, quais são os principais desafios e lacunas que enfrenta o setor em Portugal?

Há muitos desafios, mas consideramos que os fundamentais são os seguintes: Portugal iniciou, há uma década, um processo de investimento no setor, focalizado nos sistemas em alta. Os sistemas em alta não apresentam sustentabilidade económica e financeira. Um dos desafios, é por isso, assegurar essa sustentabilidade e evitar os impactos na tarifa.

Outro desafio são os sistemas em baixa, que são, do ponto de vista operacional, económico e financeiro, ineficientes na sua maioria. É, por isso, necessário encontrar mecanismos que promovam a eficiência na baixa e os investimentos necessários para dar suporte.

A estes dois desafios, acrescentaria outros dois aspectos adicionais. Todas as entidades envolvidas no setor – Estado, municípios e operadores públicos e privados – têm que fazer um esforço para informar o público em geral sobre como funciona o setor, pois há uma desinformação enorme sobre as variáveis do setor. Por outro lado, é preciso avaliar como passar de um setor intensivo em capital, alavancado no binómio obra de construção civil versus benefício político, para transformar um setor capaz a nível tecnológico e verdadeiramente nacional.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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