O número de casos de pais que são agredidos pelos filhos é alarmante. Pouco abordado na praça pública, este tipo de violência subsiste no silêncio, cria raízes e arrasta-se durante anos até que alguma força surja e diminua o medo. Até seis anos, em média, é o tempo que estes progenitores demoram até denunciarem a situação e pedirem apoio. Porém, a maioria opta por não apresentar queixa na Polícia depois de solicitarem auxílio, de acordo com Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
Entre 2013 e 2015, a APAV recebeu 1777 pedidos de ajuda, um número que engloba 4326 crimes. A associação enumerou 1658 crimes de maus-tratos psíquicos, 1090 de maus-tratos físicos, 698 de ameaça ou coação, 423 de injúria ou difamação, 123 de furto ou roubos, seis de devassa da vida privada, entre outros.
“A maioria destas pessoas passam anos sem contar nada a ninguém. Pode demorar de dois a seis anos. E, normalmente, só se queixam quando já não conseguem esconder mais. Quando revelam o que se passa, já estão muito fragilizados”, explicou a diretora do Centro de Formação da APAV, Maria de Oliveira.
A situação é ainda mais alarmante quando “a APAV acredita que o universo real seja muito superior”, visto que estes estes números dizem respeito “apenas às pessoas que pediram apoio” à associação. Depois de pedirem ajuda, muitos destes pais ficam com vergonha, culpa e medo. “Sentem-se culpados por estarem a falar dos filhos”.
De acordo com um estudo sobre envelhecimento e violência do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, recordado por Maria de Oliveira, entre 2011 e 2014 “12,3% das pessoas com 60 ou mais anos foram vítimas de uma conduta violenta por parte dos filhos, pelo menos uma vez”.
Os pedidos de ajuda nem sempre partem das vítimas, mas de familiares, vizinhos, profissionais de saúde ou, em alguns casos, de funcionários de instituições bancárias.
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