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WSJ: Portugal, “um dos elos mais fracos da Zona Euro parece estar cada vez mais seguro”

Depois de o Financial Times ter elogiado a saída de Portugal do rating de “Lixo”, o Wall Street Journal vem agora dizer que Portugal dá uma “lição” aos eurocéticos britânicos.
21 Setembro 2017, 12h59

Há 25 anos que os eurocéticos britânicos preveem o fim da moeda única, servindo mesmo esse fim anunciado como um dos motivos para a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas esta narrativa sofreu vários revezes ao longo dos últimos anos, sendo o mais recente a saída da dívida soberana portuguesa do nível de “Lixo”, de acordo com o novo rating da Standard & Poor’s. Com esta mudança, a última ida do país aos mercados traduziu-se numa descida abrupta dos juros, para valores que não eram vistos desde janeiro de 2016.

Para o Wall Street Journal, esta alteração foi mais um passo na recuperação do país da crise financeira que levou o Governo a pedir o resgate à Europa e a aceder à intervenção do FMI. Para o periódico, com o crescimento esperado do país a cifrar-se nos 2,8% e o desemprego a descer novamente para perto dos 9%, “um dos elos mais fracos da Zona Euro parece estar cada vez mais seguro”. A recuperação lusa é descrita como uma “lição” a ser estudada pelos eurocéticos britânicos. As razões para esta afirmação assentam no facto de Portugal ter conseguido passar de um défice de 9% em 2012 para um de 1,5% em 2016, ao passo que o do Reino Unido se mantinha, em março deste ano, nos 2,4%. O nosso país conseguiu ainda que o défice da balança corrente (onde predomina a balança de bens e serviços) passasse dos 6% para um resultado positivo de 0,7%, por oposição à do Reino Unido, cujo défice se cifra em 4,4%. E Portugal conseguiu ainda aumentar as suas exportações como percentagem do PIB para 45%, um valor bem acima dos 28% do Reino Unido.

Apesar dos bons resultados, o jornal afirma que Portugal – tal como a Zona Euro – não está ainda livre de perigo. Os níveis altos de dívida pública e privada deixam o país vulnerável, apesar das perspetivas de crescimento. Tal como muitos países da Zona Euro, o país precisa de aumentar a sua produtividade para dissipar todas as dúvidas acerca da sustentabilidade da dívida a longo prazo. Mas a recuperação de Portugal não deixa de ser um alerta de que o colapso do Euro não é inevitável e de que a sua sobrevivência não precisa de depender da passagem da eurozona para um superestado, tal como a falta de equilíbrio do Reino Unido lembra que uma moeda flexível pode ser uma maldição se permitir que os Governos se esquivem a tomar as decisões difíceis, com tomou Portugal.

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