O trabalho a tempo parcial é mais comum entre as trabalhadores do que os trabalhadores, o que abre a porta à desigualdade entre géneros não só no que diz respeito aos rendimentos conseguidos durante a vida ativa, mas também nas pensões de velhice. Portugal é, ainda assim, um dos países da União Europeia onde a diferença entre a fatia de mulheres empregadas que exercem as suas funções a tempo parcial e a fatia de homens nessa situação é menor, sendo significativamente inferior à média comunitária.
De acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Eurostat, na União Europeia, 28% das mulheres empregadas (com 15 a 64 anos) tinham ocupações a tempo parcial no terceiro trimestre do último ano. Em comparação, 8% dos homens empregados estavam nessa situação. Uma diferença, portanto, de 20 pontos percentuais.
Mais, o peso do trabalho parcial é superior no emprego feminino em todas as categorias ocupacionais, segundo o gabinete de estatísticas. Por exemplo, nas ocupações ligadas à limpeza e à assistência na preparação da comida, 48% das mulheres exerciam as suas funções a tempo parcial contra 19% dos homens, uma diferença de 29 pontos percentuais.
Nos serviços e vendas, o cenário repete-se: 35% das mulheres são trabalhadoras em part-time, enquanto 15% dos homens estão nessa situação, uma diferença de 20 pontos percentuais. A menor diferença entre géneros nas várias categorias ocupacionais foi registada nas posições de gestão (sete pontos percentuais) e entre os operadores de máquinas e fábricas (oito pontos percentuais), salienta o Eurostat.
Entre os vários Estados-membros, só um tem mais homens empregados a tempo parcial do que mulheres, a Roménia, e menos aí a diferença é somente de um ponto percentual. Já na Bulgária o fosso é praticamente inexistente. A Eslováquia, a Hungria e a Portugal são os outros três países com menores diferenças entre a fatia de mulheres em part-time e a fatia de homens nessa situação, sendo importante notar que tende a ser nos países onde o trabalho a tempo parcial é menos frequente que esse fosso é menos expressivo.
Em contraste, a Holanda tem a maior fatia de toda a Europa de mulheres empregadas a exercer as suas funções a tempo parcial (63%), mas tem também a mais diferença face ao emprego masculino, já que, em comparação, somente 24% dos homens empregados estão a part-time. Em causa está um foso de 39 pontos percentuais. Também a Áustria (39 pontos percentuais) e a Alemanha (37 pontos percentuais) estão em destaque nessa tabela.
Ainda que o trabalho a tempo parcial possa fomentar a participação feminina no mercado de trabalho, estão associados a esse modo de emprego alguns efeitos que podem agravar a desigualdade entre géneros, nomeadamente menores salários e menores oportunidade de progressão, resultando em menores pensões de velhice, segundo já notou a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“O trabalho em part-time involuntário resulta frequentemente em salários mais baixos, menores oportunidades de formação e expectativas de carreiras inferiores para as mulheres. Além disso, horas de trabalho insuficientes podem levar a contribuições sociais inadequadas ou até menos à exclusão as mulheres da proteção social”, explica essa organização, que reconhece, contudo, que o emprego parcial pode também ser vantajoso, permitindo uma melhor conciliação da vida profissional e pessoal. “Em todo o mundo, mais mulheres do que homens estão no subemprego, o que significa que estão dispostos, mas também conseguem encontrar mais horas de trabalho”, avisou, ainda assim, a OIT.
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