No mês passado, deparámo-nos com situações verdadeiramente lamentáveis.
Rapidamente percebemos que temos dois problemas: ideias verdadeiramente más e agentes políticos lamentavelmente ainda piores.
Na verdade, o governo regional já nem tenta esconder a sua deriva populista, desde a colagem ao CHEGA, até ao acusar os jovens de estarem desempregados por opção e acabaram com tabelamento de preços. À primeira vista, é difícil acreditar, mas no fim do dia, é esta a gente que nos governa — já deveríamos estar acostumados.
As declarações do presidente do governo regional, do dia 15 de fevereiro, lançaram uma acusação injusta aos jovens madeirenses, diminuindo as suas dificuldades à ociosidade. Este delírio, no entanto, não surpreende ninguém, dado o círculo próximo do Sr. Presidente, a JSD. A realidade, por outro lado, continua a mesma há mais de 40 anos: baixos salários, emigração jovem em alta e ainda a falta de oportunidades em diversas áreas de especialização.
Infelizmente, as declarações de Miguel Albuquerque não deixam espaço para compreensão, são irresponsáveis e até delirantes, especialmente para uma terra que vê os seus filhos emigrar por falta de oportunidades. Muitos só encontram respostas para as suas carreiras, esperança para os seus sonhos e espaço para as suas famílias no estrangeiro. O desrespeito do Presidente do Governo Regional para com diversas famílias com entes queridos emigrados ou para com aqueles que se veem forçados a trabalhar em áreas opostas às suas qualificações e a sujeitar-se ainda a baixíssimos salários, não pode cair no esquecimento.
Talvez seja tempo de o Sr. Presidente conhecer jovens e famílias, que não sejam os típicos militantes laranjas, por costume empregados na administração pública (ou num qualquer monopólio regional), e que por tradição nem sabem onde ficam as suas secretarias. Fica a dica: dê uma volta e conheça os jovens e as suas famílias, ouça as preocupações de quem em si vota, não fique fechado em casa e lembre-se, vai correr tudo bem.
Entretanto, o DN Madeira já lançou uma boia ao Sr. Presidente, uma tentativa desesperada e até imprudente, recorrendo à taxa de desemprego dos jovens qualificados. O interessante, claro, é a miopia e a conveniência desta taxa, que, no fundo, serve de areia para os olhos e nada mais. Deixo então aqui uma ideia, visto que estatísticas nesta matéria são limitadas, talvez porque depois seria chato ser confrontado com as mesmas.
Qual é o número de enfermeiros que estão no Reino Unido? E quantos licenciados de gestão, economia e outros estão espalhados pela Europa? E quantos outros licenciados trabalham em lojas de roupa, supermercados ou em qualquer outra função que não esteja relacionada com os seus cursos de formação?
Já o CDS-PP, porque não poderia ficar atrás, saiu-se igualmente mal, vestiu umas vestes vermelhas e pregou um modelo à la Venezuela. A bancada parlamentar do CDS-PP Madeira lançou assim a sua proposta de contenção da inflação, aliás, de tabelamento de preços.
Pois! Parece-me que alguém faltou às aulas de economia, e desligou a televisão ou, então, rendeu-se ao populismo mais conveniente. O CDS-PP abandonou assim por completo a sua matriz e abraçou o populismo puro e duro, diz o que espera que as pessoas queiram ouvir, mesmo que seja errado.
Observemos o seguinte cenário, para melhor percebermos a alhada onde o CDS-PP Madeira quer meter os madeirenses.
Caso o Estado decida fixar o preço de um qualquer produto, as empresas ficam restringidas e impossibilitadas de comprar novamente, visto que as matérias-primas, agora mais escassas do que nunca graças à guerra entre 2 dos maiores produtores mundiais de diversas matérias-primas, estão mais caras a cada dia que passa.
Ficando as empresas impossibilitadas de competir com os seus congéneres internacionais e sem a possibilidade de comprar o tal produto no mercado, os preços dos demais serão forçados a subir. Aqui o estado Leviatã, proposto pelo CDS-PP, terá novamente que intervir e propor uma nova fixação de preços, agora de outros produtos. Este ciclo, como o leitor poderá já antecipar, acaba quando todos os produtos estiverem tabelados.
Então qual é o resultado? Exemplos não faltam, mas o mais próximo a todos nós, é o socialismo venezuelano.
No fundo, o resultado é só um para qualquer país que entenda tabelar preços: os preços não baixam e as prateleiras ficam vazias.
Posso continuar o raciocínio desta solução, simples e bonita, proposta pela gente que nos governa. Como as empresas não conseguem comprar nem vender ao preço tabelado, as mesmas abrem falência, as pessoas vão para o desemprego, a inflação continua a percorrer as ruas, a fome, a miséria e o desespero instalam-se e assim destrói-se uma sociedade.
Por fim, só me pesa uma questão, renderam-se ao populismo ou são verdadeiramente ignorantes? Não sei o que seria pior e não me atrevo a escolher. Tenho vergonha de quem nos governa e se o leitor também tem, pergunto apenas uma coisa, vai votar nos mesmos?
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