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¡No pasarán!

Não é compreensível que, só nas últimas semanas, cerca de 100 voos tenham sido cancelados e muitos mais atrasados em várias horas, deixando os madeirenses e visitantes por sua conta e risco.
11 Julho 2018, 07h15

A Madeira tem tido constrangimentos inéditos na sua ligação natural ao resto do país que, como afirmou um dia a Ministra do Mar para justificar o não apoio do Estado à ligação marítima por Ferry, faz-se essencialmente por via aérea. Como se sabe temos tido cada vez mais recorrentes situações de impedimento à aterragem e descolagem no Aeroporto Cristiano Ronaldo, decorrente de ventos excessivos. Não faço ideia se se deve ou não rever os limites máximos impostos pelos regulamentos. Como se isso não bastasse, o que me preocupa mesmo são as já usuais “questões operacionais” que a TAP invoca para cancelar dezenas e dezenas de voos, que tornam a vida dos madeirenses no inferno, e que obstaculizam e minam a nossa principal actividade económica: o turismo. E essas misteriosas “questões operacionais” nada têm que ver com os ventos, como sugeriu num dos comentários mais infelizes do ano o administrador madeirense daquela companhia, Bernardo Trindade. A não ser que estas apenas afectem a TAP.

Não é compreensível que, só nas últimas semanas, cerca de 100 voos tenham sido cancelados e muitos mais atrasados em várias horas, deixando os madeirenses e visitantes por sua conta e risco, ao arrepio de toda a legislação de protecção do viajante. E não vale a pena escudar-se nas poucas reclamações que os utilizadores formulam, pois já sabemos que existe uma pouca propensão do português para fazer reclamações por escrito. Não foi para garantir o serviço público do transporte aéreo que António Costa reverteu a privatização da companhia de bandeira nacional? Não foi para isso que o primeiro-ministro comparou as suas aeronaves a caravelas do século XV? O próprio Paulo Cafôfo, voz de António Costa na Madeira, referiu em fevereiro de 2016 que a TAP renacionalizada iria garantir “ uma ligação com as comunidades portuguesas espalhadas por esse mundo; assegurar a coesão do país, nomeadamente com as Regiões Autónomas (…) garantir a continuidade territorial; salvaguardar um setor estratégico como o é o do turismo”.

A inércia do Governo da República é total, existem tentativas ridículas de co-responsabilizar o Governo Regional sobre uma matéria a que este está completamente à margem e cujo único espaço de manobra que lhe resta, para defesa intransigente dos interesses dos madeirenses é extremar a sua posição. Faço parte de uma geração que não tem grande paciência para conflitos estéreis nem joguinhos politico-regionais. Mas começam a sobrar poucas dúvidas que estamos perante a maior golpada política desde que Costa perdeu as eleições mas foi empossado primeiro-ministro. Ou desde que o PS-Madeira foi capturado pela Câmara do Funchal. Não parecem restar dúvidas que a intenção é nos isolar para obrigar o povo Madeirense a votar em Paulo Cafôfo no próximo ano. De golpada em golpada, até à golpada final. Só este mês a República negou uma carta de conforto escrita à Madeira após os incêndios de 2016 garantido um reforço de 30 milhões de euros do Fundo de Coesão, bem como continua a condicionar um risório decréscimo dos juros que cobra de forma agiota a uma parcela do seu território à limitação do subsídio de mobilidade, ao mesmo tempo que lança programas para os privados com taxas dois pontos percentuais abaixo do que nos propõe. Querem vencer-nos pelo cansaço mas…. ¡No pasarán

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