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Respostas Rápidas. Colapso do SVB: quais são os últimos desenvolvimentos?

O Eurogrupo não se mostrou preocupado com a quebra acentuada sentida no mercado de ações esta segunda-feira, com perdas que chegaram a 6%, mas a Comissão Europeia já avançou que vai realizar uma nova alteração à Diretiva de Cooperação Administrativa (DAC 8) para que os fornecedores de serviços com criptoativos forneçam informações aos 27 países sobre as receitas que obtêm.
Tony Webster
14 Março 2023, 11h03

Com o colapso do Silicon Valley Bank entre sexta-feira e domingo, as bolsas europeias abriram com algumas cautelas e as ações da banca perderam terreno significativo. Apesar da mensagem de confiança de Joe Biden relativamente à segurança do sector bancário, esta segunda-feira foi marcada por uma Europa mergulhada no ‘vermelho’ e isso marcou a reunião do Eurogrupo em Bruxelas.

Que conclusões saíram do Eurogrupo?

Após a reunião do Eurogrupo, Paolo Gentiloni, comissário da UE para os Assuntos Económicos, tentou sossegar a opinião pública relativamente ao tema que preocupa ambos os lados do Atlântico: “Os bancos europeus, todos e não apenas os grandes, têm saldos equilibrados segundo as normas de Basileia”. Desta forma, Gentiloni afastou preocupações sobre o impacto da falência do Silicon Valley Bank, que arrastou consigo o Signature Bank.

O comissário admitiu ainda que não existem “riscos específicos de contágio” à banca europeia. “Estamos a acompanhar a possibilidade de ocorrer um impacto, mas não há risco significativo”, garantiu. Estas declarações parecem ter sido bem recebidas pelos mercados europeus, uma vez que as bolsas abrirem a valorizar, ainda que em fraco crescimento.

O que disse o ministro das Finanças português?

Após a reunião do Eurogrupo, Fernando Medina lembrou que os sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa são muito diferentes, ainda que as autoridades americanas tenham lidado “em força com a situação, o sistema europeu está sujeito à supervisão do Banco Central Europeu e tem regras mais rígidas do que aquelas que estavam a ser aplicadas àquele banco”.

Para o ministro das Finanças nacional, o sistema europeu é “muito mais robusto” e a “supervisão e regulação” são agora diferentes após a crise financeira de 2008, no que toca à supervisão das instituições bancárias.

https://jornaleconomico.pt/noticias/estamos-a-entrar-numa-fase-da-vida-economica-na-europa-refere-fernando-medina-1005670

Qual a opinião do presidente do Eurogrupo?

Para Paschal Donohoe, “não há exposição direta ao SVB”. No entanto, o presidente do Eurogrupo deixou claro em conferência de imprensa que “isto é um lembrete de que os choques para o sistema bancário podem surgir a qualquer momento, do quão importante é garantir a resiliência do nosso sistema bancário e, claro, de quão importante é continuarmos os nossos esforços de união bancária”.

Na mesma conferência, Donohoe confirmou que os bancos europeus estão “no geral, em boa forma”, lembrando que os mesmos foram “reforçados nos anos recentes” e que se encontram “sob supervisão próxima” de entidades nacionais e europeias.

Como está a reagir a Comissão Europeia?

A Comissão Europeia quer mais informação sobre os movimentos com moedas e tokens virtuais na União Europeia (UE). Bruxelas já se encontra a preparar uma lei para conhecer mais a fundo todas as transações realizadas pelos contribuintes europeus com criptoativos, porque estima que os Estados-membros estejam a perder 2,4 mil milhões de euros destes utilizadores.

Desta forma, o executivo comunitário está a avançar numa nova alteração à Diretiva de Cooperação Administrativa (DAC – Directive on Administrative Co-operation), a DAC 8, para que a partir do início de janeiro de 2026, os fornecedores de serviços com criptoativos e outros operadores do sector – mesmo que a sede não seja na UE – forneçam informações aos 27 países sobre quais as receitas que obtêm dessas vendas.

Como é que essa informação será transmitida?

As empresas da indústria cripto terão de transmitir essa informação de forma eletrónica às agências tributárias correspondentes aos países dos clientes. Logo, terá de haver um sistema informático para o fazer, cujo custo de implementação a UE estima que seja de 300 milhões de euros, além de mais 25 milhões de euros por ano para o desenvolvimento e operação de manutenção da plataforma digital.

Em causa estarão todos os tipos de ativos digitais, entre os quais criptomoedas, dinheiro eletrónico, moedas chamadas “estáveis” ​​(stablecoins) ou tokens não fungível, mais conhecidos por NFT.

Como estão a reagir as bolsas europeias após as fortes quedas de segunda-feira?

Ao dia de ontem, os mercados europeus encerraram a perder mais de 2%, sendo que o PSI foi o que menos decresceu, ainda que tenha recuado 2,15%, e Itália tenha sido o que mais perdeu, com uma queda de 5,83%.

A esta hora, a bolsa de Lisboa está a ganhar 0,13%, depois de ter aberto com ganhos na ordem dos 0,25%. Também os restantes mercados europeus estão a começar a esquecer a falência do SVB, ganhando algum terreno.

A bolsa alemã (DAX) sobe 0,53%, a francesa (CAC 40) avança 0,22%, a espanhola (IBEX 35) soma 0,27% e a italiana cresce 0,05%. Atualmente, a bolsa britânica é a única que se encontra em queda, recuando 0,33%.

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