[weglot_switcher]

‘Hedge funds’ apostam na queda dos CTT, BCP e REN

A operadora postal liderada por Francisco Lacerda é a cotada do índice PSI 20 que agrega maior percentagem de posições a descoberto – 10% – após um primeiro semestre conturbado.
15 Julho 2018, 20h00

Os fundos de investimento estão a apostar na queda de três cotadas da Bolsa de Lisboa. BCP, REN e CTT não são alvos novos do shortselling, mas a operadora postal assistiu a um disparo no peso das posições curtas desde o ano passado.

Os especuladores no PSI 20 estão a olhar cada vez mais para os CTT, com as vendas a descoberto (shortselling) nos 10%, segundo dados da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Entre agosto de 2014 e março de 2017, as posições curtas foram subindo e descendo, mas nunca chegaram sequer a 1%. Há um ano já tinham chegado aos 3%, mas longe dos valores atuais.

Os shortsellers têm uma opinião sobre o sentido da direção da ação e investem de acordo com essa convição. No primeiro semestre, os títulos dos CTT caíram mais de 16% até aos atuais 2,9 euros, seguindo a tendência do ano passado. As ações da operadora postal deram, em 2017, um tombo de 45% a bater recordes negativos no PSI 20, mas o trauma ainda não foi ultrapassado.

A pressão sobre o correio tradicional, os resultados em queda vertiginosa, os custos de criação do BancoCTT e a gestão de um dividendo que já foi generoso e que agora tem de ser mais racional – tudo isto ensombra as perspetivas para o título. Os analistas cortam as estimativas e dizem que as metas para este ano são, no mínimo, desafiantes.

A estratégia desenhada pela administração liderada por Francisco Lacerda para alterar o destino da empresa dos correios consistiu num plano de reestruturação que inclui rescisões com 300 trabalhadores, cortes de salários no board e fecho de lojas. A reação ao plano demonstra, no entanto, a incerteza que rodeia o título: alguns analistas disseram que era insuficiente, enquanto outros alertaram que era de execução difícil, devida à pressão política e sindical.

Os apostadores com posições relevantes – acima de 0,5% do capital – são oito fundos internacionais, sendo que o maior peso é detido pelo Connor, Clark & Lunn Investment Management (2,5%), seguindo-se o Marshall Wace (2,36%), o GSA Capital Partners (1,18%) e o Capital Fund Management (1%). A lista de shortsellers com posições menores inclui ainda Citadel Advisors (0,86%), o WorldQuant (0,8%), o BlackRock Investment Management (0,79%) e o Stratus Master Limited (0,51%).

Os CTT não estão, no entanto, sozinhos nas vendas a descoberto dos hedge funds. No caso do BCP, as posições curtas representam atualmente 3,49% do capital. O valor compara com os 2,31% de há um ano e com os máximos de 3,79% atingidos este ano, em maio. O banco tem sido uma escolha constante dos fundos e é a cotada com maior estabilidade neste campo, tanto no peso como na origem do capital. Os shortsellers que investem na queda do BCP são o Marshall Wace (0,99%), o Oceanwood Capital Management (0,91%), o Lansdowne Partners (0,86%) e o BlackRock Institutional Trust (0,73%).

A REN é a terceira cotada alvo dos especuladores do PSI 20. Após terem atingido máximos de sempre, em dezembro do ano passado (4,3%), as posições curtas na gesotra de redes elétricas recuaram ao longo do primeiro semestre do ano. Atualmente, totalizam os 3,28%, sendo detidas por três fundos:  Lansdowne Partners (1,75%), BlackRock Institutional Trust (1%) e Millennium International Management (0,53%).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.