A partir de uma amostra de 1.059 ‘startups’ baseadas em Portugal, apenas oito resultaram da iniciativa de afroempreendedores, todas integradas no sistema empresarial português, segundo um estudo divulgado esta semana em Lisboa.
O estudo foi promovido pela Djassi África, fundada em 2020 em Londres pelos irmãos Fernando e Rudolphe Cabral, e que investe em inovação digital e empreendedorismo, face à “baixa representatividade e visibilidade de afroempresários no sistema português de inovação”.
Segundo o estudo ‘AFROPRENEURS Report – State of Black Founders & Ventures in Portugal’, quase metade (48%) tem menos de 35 anos, as mulheres (54%) representam mais de metade dos homens, e a esmagadora maioria (80%) provém ou tem ligações culturais aos países africanos de língua oficial portuguesa, com metade a ter a nacionalidade portuguesa e 19% têm dupla nacionalidade.
Os afroempreendedores têm elevados níveis de instrução, com pouco mais de três quartos (76%) a possuírem cursos universitários, entre os quais 24% têm o grau de mestre e 3% completaram o doutoramento.
A primeira das três principais motivações é a independência financeira, seguindo-se a solução de problemas da sociedade e o interesse pessoal ou paixão.
Relativamente à área de residência, a maior parte (84%) vive na região metropolitana de Lisboa (84%), alinhando com a tendência global de alta densidade populacional nos centros urbanos.
Quase dois terços (65%) criaram ‘startups’ ligadas ao comércio digital e os restantes são de ideias de negócios, com as principais áreas de atividade a serem ‘media’ e indústrias criativas, tecnologias da informação e consultoria, “que replica parcialmente a tendência” em Portugal.
O estudo, que avaliou também o impacto dos constrangimentos da covid-19 na criação das ’startups’, conclui que 59% surgiram depois do início da pandemia, entre 2020 e 2022”.
“A severidade das condições humanas e profissionais enfrentadas durante este período [2020-2022] estimularam o empreendedorismo como sendo uma via a seguir”, explica o estudo, apresentado na segunda-feira.
Em termos de modelo de negócio, a maior parte (61%) são B2C (‘business to consumer’).
Quase metade das fontes de financiamento (49%) provêm de familiares e amigos, e o estudo revela que “a falta de literacia financeira e a falta de facilitadores para ligar empreendedores (procura) e investidores (oferta), são os principais fatores limitativos ao acesso às redes de investidores relevantes”.
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