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CFO da TAP: “Não estive envolvido porque não tinha que estar envolvido” na indemnização

O CFO da TAP, Gonçalo Pires, foi ouvido esta quinta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito. O administrador rejeitou ter conhecimento prévio dos detalhes do acordo celebrado com Alexandra Reis e esclareceu os deputados quanto à natureza da sua relação pessoal com João Galamba.
30 Março 2023, 17h19

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19h52 Se só agora se juntou…

Temos estado a acompanhar a Comissão Parlamentar de Inquérito à tutela política da gestão da TAP, onde está a ser ouvido esta quinta-feira o CFO da companhia aérea, Gonçalo Pires. Eis alguns pontos-chave desta audição:

  • Gonçalo Pires diz que nunca esteve envolvido, nem soube, do acordo sobre a indemnização paga a Alexandra Reis, ou dos valores envolvidos. “Não tinha que estar envolvido”, refere.
  • CFO diz que poderá ter participado em “conversas sobre quem poderia substituir a engenheira Alexandra Reis”, mas isso foi “muito tempo depois da saída” da administradora.
  • Gonçalo Pires confirma que recebeu um e-mail da tutela, da qual faz parte o ministro das Infraestruturas, João Galamba, a indicar quando e como deveria ser apresentado o relatório de resultados da TAP, contrariando aquilo que o ministro afirmou no Parlamento.
  • Oposição questionou natureza da relação pessoal de Gonçalo Pires com João Galamba. CFO diz que o ministro “está entre o grupo de amigos chegados”.
  • A falta de assinatura dos contratos de gestor público “preocupa” o CFO, mas diz que o tema está a ser tratado pelo acionista com alguma urgência.

19h37 Passagem de pastas de Alexandra Reis pode ter sido discutida com Estado

“A função de procurement só me foi passada depois da saída da engenheira Alexandra Reis”, diz o CFO em resposta à deputada bloquista Mariana Mortágua. O Grupo Parlamentar do BE questionou o administador financeiro sobre os detalhes da reestruturação interna das equipas executivas e não-executivas.

A questão remonta a uma reunião, no dia 4 de janeiro, entre a CEO, Christine Ourmières-Widener e o então ministro Pedro Nuno Santos, onde foram discutidas as alterações à equipa. “Sim, é possível [que tenha havido reunião]”, diz Gonçalo Pires. “Houve uma reunião sobre alterações à equipa executiva e não executiva, mas eu não participei. Só tive conhecimento”, esclarece.

Sobre a passagem de pastas que estavam à tutela de Alexandra Reis para a alçada do CFO, que foi confirmada numa reunião a 18 de janeiro, o administrador diz que só soube depois da saída da mesma. “O único tema que me foi passado antes da saída [de Alexandra Reis] foi o tema da Frota. Semprei considerei, desde a minha chegada, que o tema dos aviões e o da dívida deviam estar com o CFO”.

“A pasta de procurement foi-me passada já depois da nomeação. Se discuti a possibilidade de ficar com as Compras [área de Alexandra Reis]? É possível”.

19h07 Contratos serão assinados “muito brevemente”

Ainda em resposta ao deputado Bruno Dias sobre o atraso nas celebrações dos contratos de gestor público, Gonçalo Pires, diz que a assinatura “tem a maior urgência” e o que “o tema está a ser tratado”.

“O tema preocupa-me, claro”, diz o CFO, que refere ainda assim que “não tem sido discutido no Conselho de Administração o facto de a nossa nomeação ser eventualmente nula”.

Estão a ser feitos esforços para acelerar o processo, diz, “e sabemos que a tutela está a tratar o tema e os contratos vão estar assinados muito brevemente”.

18h55 Gonçalo Pires: “Tenho obrigações de reporte à DGTF”

O administrador financeiro da TAP responde ao deputado Bruno Dias, do PCP, sobre a atuação da Direção-Geral de Tesouro e Finanças (DGTF) dentro do Conselho de Administração da TAP. O comunista questionou se havia algum membro da DGTF representada nos órgãos sociais da empresa pública, como determina a Lei.

Gonçalo Pires esclarece que todos os representantes no Conselho de Administração são nomeados pelo acionista, mas que “no Conselho Fiscal temos um membro da DGTF”.

Ademais, o CFO diz que é ele próprio quem tem obrigação de reporte à DGTF, “tal como disse à IGF”.

18h26 Processo de privatização “é conduzido pelo acionista”

O administrador financeiro da TAP diz que “o valor de uma companhia aérea deve ser dividido em três”. Primeiro, o valor intrínseco. Depois, o valor das suas sinergias e o seu valor defensivo, isto é, a capacidade de deferir tentativas de compra por outras companhias aéreas.

Gonçalo Pires diz que “o processo de privatização deverá ser bem conduzido” e que será mais fácil “quanto melhor forem os resultados da TAP, porque isso aumenta o seu valor intrínseco”.

Esclarece ainda que no processo de privatização são mantidas reuniões com a administração, mas garante que “o processo é conduzido pelo acionista”.

18h19 Greves. Requisição civil pode ter estado em cima da mesa

O CFO da TAP diz que a possibilidade de utilizar a ferramenta de requisição civil este em cima da mesa aquando da antecipação das greves, mas não garante que esse cenário tenha sido colocado pelo Governo.

“Não sei se foi avaliado pelo Governo, mas foi avaliado por nós”, diz.

“Eu, pessoalmente, não estive nem estou envolvido na negociação com os sindicatos sobre a greve. Estes temas são coordenados pela tutela. Uma greve de tripulantes de cabine podia parar o país”, esclarece Gonçalo Pires, “uma greve na TAP pode custar vários milhões por dia”.

“Eu não sei se foi discutido no Governo”, esclarece o mesmo, apesar de dizer minutos antes que a administração da TAP colocou essa hipótese em reunião com a tutela.

18h08 Plano de reestruturação “foi violento para os contribuintes e para o Estado”, diz CFO

Gonçalo Pires reconhece que a empresa “cresceu e foi sobrevivendo à custa dos trabalhadores”, apesar de o seu salário ter quase quadruplicado em poucos anos, de 84 mil euros anuais para mais de 300 mil euros anuais, como evidenciado pelo GP-CH.

Os salários, diz, são “decididos pela Comissão de Vencimentos”, pelo que Gonçalo Piresacredita receber o mesmo que os outros administradores executivos, mas o CFO diz que concorda com o deputado do Chega Filipe Melo: “Não queria fazer uma classificação sobre o montante, mas quero concordar consigo que o Plano de Reestruturação foi violento para muita gente”.

“Foi violento para o contribuinte português e para o Estado português, que injetou capital para suportar uma companhia estratégica para o país”.

Os cortes salariais de 20% e de 40%, no caso dos pilotos, “foi o que foi negociado nos Acordos de Emergência para garantir a viabilidade da TAP”.

“2022 foi o primeiro ano do Plano de Reestruturação e, no primeiro ano, estamos a apresentar os resultados do último ano – as melhores vendas de sempre, as melhores margens, só que isto não é feito sem desafios”, acrescenta, dizendo ainda que “a TAP tem que estar menos nas notícias e mais focada nos resultados”.

17h57 “Não tinha que estar envolvido” enquanto CFO

Questionado pelo Grupo Parlamentar do Chega (CH) sobre a sua importância na gestão diária da TAP, Gonçalo Pires diz que se foca na área financeira e remete responsabilidades sobre contratações, demissões e pagamentos da administração da TAP para o acionista Estado.

“É ou não é muito estranho que um dos três principais responsáveis não saiba, ou saiba em conversa de corredor, que uma colega da administração com a qual tinha contacto regular, vai ser posta na rua, com documentação falsa, manuseada e enviada à CMVM?”, questionou o deputado do CH.

“Eu percebo que refira as três pessoas fundamentais”, começa por dizer Gonçalo Pires, que salientou a complexidade da operacionalidade da TAP, recordando os anos difíceis pré-plano de reestruturação. “As minhas responsabilidades enquanto CFO são financeiras e importantes. A minha responsabilidade é financeira, e obviamente que na hierarquia a CEO e o Presidente do Conselho de Administração têm a responsabilidade de conduzir este tema como o fizeram. Eu não estive envolvido porque não tinha que estar envolvido. Não me parece que a minha importância no tema me obrigasse a participar”, diz.

17h44 Tutela enviou e-mail sobre apresentação de resultados

Gonçalo Pires confirma que recebeu um e-mail da tutela, da qual faz parte o ministro das Infraestruturas, João Galamba, a indicar quando e como deveria ser apresentado o relatório de resultados da TAP.

“Recebemos indicações da tutela, como fazemos sempre, e perguntámos quando podíamos apresentar os resultados. Foi-nos confirmado que nos devíamos concentrar na apresentação aos investidores e, obviamente, fazer as publicações individuais”, diz o CFO da empresa.

Em resposta a Paulo Moniz, sobre a natureza da sua relação pessoal com João Galamba, Gonçalo Pires diz que “são amigos, colegas de faculdade” e que o ministro está “entre o meu grupo de amigos chegados”.

A ordem de comunicação dos resultados foi dada “por e-mail” pela tutela, diz o CFO, o que contraria a versão apresentada por Galamba no Parlamento, de que essa apresentação tinha sido decidida por consenso e entendimento com o Conselho de Administação da TAP.

“O meu entendimento – e o de muitos outros do Conselho de Administração da TAP – é que devíamos optar pela discrição. Foi perguntado à tutela como poderíamos apresentar os resultados e foi precisamente confirmado o dia e a forma de apresentar”, conclui o administrador financeiro.

17h30 “Recordo-me de conversas sobre quem poderia substituir Alexandra Reis”

Gonçalo Pires refere que se recorda “de conversas sobre quem poderia substituir a engenheira Alexandra Reis, mas isso foi muito tempo depois da saída”, adianta.

Ademais, diz que não teve “qualquer tipo de conversa com o secretário de Estado do Tesouro” da altura.

17h26 “Confirmo e reitero o que disse” à IGF

Questionado pelo deputado do PSD Paulo Moniz se esteve envolvido no acordo e no valor de indemnização atribuído a Alexandra Reis, o CFO da TAP, Gonçalo Pires, reforçou o que disse à Inspeção-Geral de Finanças.

“Não tive qualquer envolvimento na elaboração do acordo para a saída da engenheira Alexandra Reis. Não tive conhecimento de qualquer dos termos concretos da celebração desse acordo. Soube pouco tempo antes da celebração desse acordo”, diz o administrador financeiro da transportadora.

“Foi-me dito informalmente pela CEO que foi celebrado um acordo. Oficialmente, só tive conhecimento da saída quando foi anunciada formalmente”, responde ao social-democrata. “Não recebi nenhum e-mail da CEO, como lhe disse a si e à IGF. Tive conhecimento informal de que a saída poderia acontecer. A comunicação oficial só tive através do e-mail do Presidente do Conselho de Administração [Manuel Beja]”, acrescenta.

Gonçalo Pires diz ainda que acumula várias responsabilidades no cargo de CFO, mas que a área de Recursos Humanos não é uma delas.

17h19

Boa tarde, estaremos a acompanhar a Comissão Parlamentar de Inquérito à tutela política da gestão da TAP. Esta quinta-feira é ouvido o CFO da empresa, Gonçalo Pires.

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