O antigo primeiro-ministro e secretário-geral dos socialistas, José Sócrates, é o grande ausente das comemorações dos 50 anos do Partido Socialista. Nesse sentido, o politólogo José Palmeira considera, em entrevista ao JE, que o antigo primeiro-ministro é considerado “uma espécie de lixo tóxico para o partido”.
José Palmeira diz que por um lado o PS “tem o argumento de que ele não é militante” e como tal podem fazer com que, dessa forma, não vá às comemorações. “Por outro lado, José Sócrates, neste momento, é uma espécie de lixo toxico para o partido. Portanto associá-lo a essas comemorações seria fazer lembrar um tempo que o partido hoje se calhar quer eliminar ou esconder”.
Sobre os 50 anos do PS, o especialista destaca dois momentos, sendo que um deles envolve o antigo líder que não foi convidado para a festa de meio século do partido.
“Teve dois momentos marcantes. Por um lado, o Governo de José Sócrates, não tanto o Governo, mas aquilo que aconteceu relativamente à figura do então primeiro ministro, José Sócrates, a sua detenção. Isto foi bastante complicado de gerir na altura para o Partido Socialista”, sublinha.
O outro momento remete para “o facto de, tendo António Costa perdido as eleições em 2015, este ter conseguido formar uma maioria parlamentar com o apoio do BE e PCP que lhe permitiu ser primeiro-ministro e governar”.
Um PS que se confunde com o regime
José Palmeira lembra que o PS “é um partido que tem governado o país durante mais tempo, desde 1974, tem alternado com o PSD, mas os socialistas têm estado mais tempo no poder”. O PS identifica-se como o partido do regime, no entender deste analista: o PS “está há muito tempo no poder e em muitas circunstâncias se confunde com o regime”, destaca o politólogo.
O especialista recorda que o PS “teve vários primeiros ministros (Mário Soares, António Guterres, José Sócrates e tem agora António Costa). Em Belém, elegeu dois Presidentes da República: Mário Soares e Jorge Sampaio”.
“Em termos nacionais, tivemos um PS nos primeiros anos, pós 25 de abril, sobretudo preocupado com a defesa dos valores democráticos. Não nos podemos esquecer que os primeiros anos foram bastante conturbados devido basicamente ao PREC e aí o PS teve um papel de liderança dos valores democráticos, designadamente com Mário Soares”, refere José Palmeira.
O politólogo acrescenta ainda que o PS “é um partido que além de ter peso parlamentar também tem peso em termos autárquicos e que tem tem mantido as suas características de um partido moderado” ao longo destes 50 anos.
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