Ao adotar uma estratégia “Digital by Default”, Portugal poderá obter poupanças entre 100 e 400 milhões de euros, somente no que respeita as atividades do Estado. Os números são avançados no estudo “Digital by Default: Impacto Económico e Fatores de Sucesso”, desenvolvido pelo Center for Business Innovation da Porto Business School, da Universidade do Porto, e pecam por defeito, na medida em que quantificam apenas aquilo que o governo poderá poupar.
A extensão da poupança para o país dependerá da estratégia seguida (integração parcial ou integração total), estando subestimado o impacto total da outra face da moeda que são os ganhos para a sociedade. “Portugal tem potenciais poupanças esperadas de até 400 milhões de euros por ano, apenas do lado do Governo, sendo expectável um impacto muito mais significativo, quando incluídos também cidadãos e empresas”, conclui o estudo apresentado pela Porto Business School e pelo MUDA, recentemente, no evento “Chave Móvel Digital”.
Assim, fica claro que uma estratégia “Digital by Default” deverá interligar governo, cidadãos e empresas, permitindo que os serviços públicos estejam disponíveis online, prontos para dispositivos móveis, fáceis de usar e acessíveis. Estes devem ser cocriados com os cidadãos e as empresas e devem oferecer valor acrescentado face ao investimento, sublinhou Rui Coutinho, diretor executivo do Center for Business Innovation da Porto Business School, que fez a apresentação do estudo. Tudo isso, acrescentou “precisa de acontecer com foco na transparência, confiança, inclusão, envolvimento e participação”.
“Digital by Default: Impacto Económico e Fatores de Sucesso” ilustra os benefícios potenciais para Portugal decorrentes não só da transformação digital, mas da própria aceleração do processo e aponta os caminhos possíveis para a mudança, que passam pela adoção de uma estratégia de integração total ou de integração parcial, por parte do governo.
O estudo tem por base os exemplos do Reino Unido, da Estónia e da Dinamarca, estudos internacionais de ‘benchmarking’ e dados referente a Portugal e visa compreender os potenciais benefícios económicos e sociais e mostrar fatores de sucesso que os possibilitem.
Estima-se que, a nível da União Europeia, uma estratégia de “Digital by Default” poderá gerar um impacto líquido total entre os 6,5 mil e os 10 mil milhões de euros por ano. A nível mundial, a digitalização dos governos poderá gerar até um trilião de dólares/ano em valor económico, em todo o mundo.
Os casos de sucesso são os mais diversos, de países maiores aos mais pequenos: Na Estónia, por exemplo, o uso de assinaturas digitais poupa ao país 2% do Produto Interno Bruto anual. O Reino Unido, segundo dados do próprio governo britânico, economizou 3,3 mil milhões de libras esterlinas em 2015/2016 graças à sua estratégia “Digital by Default”. A Dinamarca livrou-se completamente dos formulários em papel e 90% dos dinamarqueses usam a Internet para todas as transações (União Europeia, 2015), com ganhos chorudos para todas as partes.
Em Portugal, e a título de exemplo, até julho de 2009, as iniciativas “Empresa na Hora”, “Marca na Hora” e “Registo Comercial Online” geraram poupanças de cerca de 54,6 milhões de euros e reduziram em 36 minutos o tempo médio necessário para criar uma nova empresa.
O MUDA deu ainda um contributo relevante através do desenvolvimento do Plano de Ação “Digital By Default,” apresentado em novembro último, assente em três eixos: Comunicações Eletrónicas “by Default”; Digitalização dos arquivos e Implementação de ID eletrónico comum para o Estado e Empresas – a Chave Móvel Digital – agora também disponível para empresas.
As conclusões do estudo da escola de negócios da Universidade do Porto surgem numa altura em que, por todo o mundo proliferam iniciativas para acelerar a digitalização das sociedades. Em concreto, na Europa foi definida a estratégia DigitalEurope, a qual visa transformar o mercado único digital uma realidade.
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