O Brasil quer atingir novamente os 4.000 milhões de dólares no comércio bilateral com Angola, valor registado na primeira década do século, estando atualmente em um quarto desse montante, disse este sábado à agência Lusa o embaixador do Brasil em Angola, Paulino de Carvalho Neto.
Paulino de Carvalho Neto salientou ser necessário diversificar as trocas comerciais bilaterais, evitando concentrar as atividades económicas, seja em investimento seja em importação de bens, em um ou dois produtos.
“Queremos diversificar a pauta de investimentos, de importação e de exportação, que é o que interessa aos dois países”, sublinhou, dando como exemplo a ideia brasileira de apostar nas áreas do agronegócio, agricultura, pecuária e indústria de transformação de alimentos, “em que o Brasil tem um ‘know-how’ reconhecido internacionalmente e em que é competitivo”.
Mais a mais, acrescentou Paulino Neto, há a vontade política de integrar Angola nos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, tal como Brasília defendeu na recente cimeira daqueles cinco Estados, que se reuniram em julho na cidade sul-africana de Joanesburgo.
“Angola vive um momento importante do ponto de vista económico, comercial e político. Há uma mudança, uma inflexão no rumo da economia. Há sinais de que o pior da crise económica já passou. Os preços do petróleo retomam, aumentam os valores do preço do barril de petróleo e, com isso, Angola terá uma capacidade maior de investir, de crescer, de atender às demandas sociais – saúde, educação, entre outros”, sublinhou.
A nível bilateral, acrescentou Paulino Neto, “há um potencial muito grande”, pois as trocas comerciais estão a um quarto do valor atingido na primeira década do século XXI que, no seu auge, chegaram aos 4.000 milhões de dólares.
“Hoje, o comércio bilateral atinge quase mil milhões de dólares. Há, sem dúvida, muitas possibilidades de crescimento e de, pelo menos, retomar esses valores”, defendeu o embaixador do Brasil em Luanda, estimando em 3.000 milhões de dólares o financiamento brasileiro à economia angolana nos últimos 20 anos.
“O Brasil tem tradicionalmente financiado a economia angolana, o Estado angolano. Financiamos, é um valor, nos últimos 20 anos, equivalente a três mil milhões de dólares e temos a expectativa de que, em algum momento, esses valores possam crescer de novo”, indicou.
O Brasil tem mantido sempre relações intensas tradicionais com Angola e a presença brasileira no país africano é atualmente de cerca de 15.000 pessoas.
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