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Gás russo torna-se uma dor de cabeça para Angela Merkel

Estados Unidos e Ucrânia, mas também aliados parlamentares, têm endurecido as críticas à chanceler alemã devido ao gasoduto em construção, Nord Stream 2, que irá ser a nova ponte para a chegada de gás natural russo à Alemanha.
6 Agosto 2018, 17h14

Um gasoduto que une a Rússia à Alemanha tem aquecido nas últimas décadas as casas germânicas e a amizade entre os dois países. A meio das obras para reforçar as infraestruturas de gás – e as relações -, os aliados da Alemanha estão cada vez mais críticos e a dar dores de cabeça a Angela Merkel.

O projeto de construção de uma nova ligação entre Rússia e a Europa está a avançar, depois de terem sido concedidas licenças de construção por parte da Alemanha e Finlândia. Ao longo do verão, será construído o gasoduto Nord Stream 2 com 1.220 quilómetros, que irá envolver um investimento de 9,5 mil milhões de euros e vai tirar à Ucrânia a posição de ponte entre Rússia e Europa.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu que o “horrível” gasoduto irá aumentar a dependência alemã do gás russo, segundo a agência Reuters. A Ucrânia também teme que a nova infraestrutura permita a Moscovo retirá-la da equação, emagrecendo a quota de lucros ucranianos originária da passagem do gás pelo país.

As críticas acontecem numa altura difícil para a chanceler alemã, que já reconheceu considerar que a Alemanha tem tomar o lugar de líder política na Europa, dadas as relações conflituosas entre vários países no mundo.

“A ordem global está sob pressão”, afirmou Merkel, no mês passado. “É um desafio para nós. A responsabilidade da Alemanha está a aumentar. Temos de fazer mais”. Na altura, reconheceu também pela primeira vez que há “preocupações políticas” em relação ao Nord Stream 2.

“O preço a pagar é uma perda de confiança ainda maior dos países Bálticos, Polónia e Ucrânia”, afirmou Roderich Kiesenwetter, um aliado parlamentar de Merkel, sobre o gasoduto, de acordo com a agência Reuters. “Nós, alemães, dizemos sempre que o nosso centro gravitacional é que mantém o ocidente unido, mas a abordagem russa foi bem sucedida em arrastar a Alemanha para fora da solidariedade ocidental, pelo menos em termos de política energética”.

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