De acordo com um artigo desta semana do “Financial Times”, as principais agências de notação financeira têm alertado para o impacto negativo das dinâmicas demográficas em muitos países, afetando a capacidade de honrar as suas dívidas no futuro e a consequente deterioração do rating.

O agravamento do envelhecimento populacional tem e terá impacto nas despesas com reformas, baixas médicas, cuidados de saúde, entre outras.

Segundo a Moody’s, este é um problema que era considerado de médio a longo prazo, mas que já está a influenciar as notações de crédito porque o envelhecimento populacional irá influenciar o endividamento dos países. A S&P prevê que, até 2060, metade das maiores economias mundiais terá ratings abaixo do grau de investimento (junk), em comparação com cerca de um terço desses emitentes soberanos atualmente.

Já são também visíveis os efeitos nos mercados laborais de várias economias, especialmente na Europa, onde continua a existir escassez de trabalhadores em muitos setores, mesmo com a desaceleração da atividade económica e a introdução de inovações tecnológicas. Este é um problema identificado há bastante tempo pelos economistas e governos, mas para o qual ainda não foram delineadas estratégias claras e robustas para a sua resolução.

Curiosamente, esta semana, uma das principais agências poderá rever em alta o rating de Portugal – apesar de o país ser um dos que está a envelhecer mais rapidamente. Se o rating subir, grande parte da explicação estará no crescimento económico dos últimos dois anos e nas perspetivas para os próximos. Portugal tem vindo a crescer com base em vetores como o turismo, investimento estrangeiro e a chegada de muitos imigrantes.

Portanto, perante uma taxa de crescimento natural muito insuficiente, a promoção do turismo e a abertura efetiva a pessoas e capitais é um dos poucos caminhos para o futuro do país.