José Barata, nascido em Angola e ex-oficial da Marinha, é professor universitário na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa e coordena a equipa de robótica que quer reinventar a utilização dos drones e dar uma “visão humanística” aos engenheiros.
“A robótica e a Inteligência Artificial tornaram-se mais na moda e obriga a que tenhamos mais autonomia. Há certas tarefas que os robôs podem desempenhar na perfeição e tornar o local de trabalho mais aprazível. A formação dos engenheiros também é muito importante. Eu gosto muito de Filosofia e acho que todos os meus alunos devem ter uma visão humanística do mundo”, disse o docente ao Jornal Económico.
Em 2007 um grupo de doutorandos, mestrandos e outros técnicos da faculdade criaram o grupo RICS (Robotical and Industrial Complex Systems), no âmbito do Inova, um interface entre a academia e a indústria, e no Centro de Tecnologias e Sistemas (CTS) da Nova. Divida em duas áreas – automação [Indústria 4.0] e robótica de serviços [robôs móveis, interação entre robôs] –, a equipa do RICS, com cerca de 20 pessoas, desenvolve projetos de investigação aplicada ao mercado, à necessidade das empresas e da sociedade.
Alunos de Portugal, Argélia, Marrocos, Irão, Alemanha, Suécia ou Argentina juntam-se regularmente, na Caparica, para pensar como os robôs poderão ajudar as empresas, os trabalhadores e os migrantes. Recentemente, o centro foi distinguido com o prémio “Inovação” da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, no valor de 500 mil euros, por criar um mecanismo de intralogística, autónomo, móvel, operador e transportador de todos os materiais de valor da Casa da Moeda (tal como aquela máquina que vê na farmácia e que encaminha os medicamentos à caixa onde vai pagar).
O grupo de génios internacionais levou também os seus projetos além-fronteiras, como o drone anfíbio. “É um barco autónomo pode ser programado. A ideia passa por, em águas restritas, levantar voo e verificar os melhores caminhos, o que estende capacidades. Para zonas com muitos ilhéus é o ideal. Podemos utilizá-lo para monitorização ambiental, recolher amostras…”, explica o responsável pelo projeto.
“Queremos tê-los espalhados por todo o Mar Mediterrâneo para que possam levantar voo regularmente e detetar se há migrantes em apuros, para chamar barcos a deslocarem-se logo com meios de socorro”, afirma José Barata, sublinhando têm também drones ‘de verão’ para o caso das queimadas controladas [“prescribed fires”] e da deteção e determinação da área ardida nas florestas nacionais.
O porta-voz dos investigadores assegura que os jovens engenheiros veem Portugal como “um país agradável” e “tecnológico”, mas alerta para a falta de apoios, quando comparado com outros projetos internacionais. “Concorremos a um concurso no Dubai chamado «Drones for Good» em que, entre mais de 1.000 candidatos ficámos em 5º lugar e o 1º tinha uma ideia semelhante. Não chegámos ao 1º porque tinham um maior orçamento, da Nokia, uma estratégia de marketing melhor. Só conseguimos entre 20.000 euros a 30.000. Eles deviam ter uns 50.000 euros [para desenvolver o projeto]”, confessa o mentor.
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