Nos temas do CEO Banking Fórum, que juntou os CEO da Caixa Geral de Depósitos, do BCP, do Novobanco, do Santander Totta e do BPI, o destaque foi para o facto de os juros do crédito à habitação serem os mais altos da Europa. Os bancos pagam menos pelos depósitos a prazo e, por outro lado, sãos dos que mais cobram em taxas de juro nos empréstimos para compra de casa.
“A percentagem de taxa fixa nos créditos à habitação é menor em Portugal do que na zona euro, lembrou Miguel Maya, presidente do BCP no CEO Banking Fórum. “Pelo que na Europa os clientes dos bancos europeus, que têm taxa fixa há muitos anos, sofrem menos agora com a subida dos juros”, disse o CEO do BCP.
Também Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, revelou que “nos últimos 10 anos os portugueses que têm crédito à habitação pagaram menos 11 mil milhões de euros em juros do que se tivessem as taxas médias da União Europeia. A taxa média do crédito à habitação em Portugal foi de 1,2% e na Europa foi de 2,4% para um stock de 100 mil milhões”.
“Não temos um incumprimento relevante nos bancos e inclusivé é inferior a 2019”, afirmou o presidente do Santander Totta.
Os bancos estão preparados para enfrentar o incumprimento, defenderam os banqueiros.
João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, concordou que não há sinais de degradação da qualidade da carteira de crédito, inclusivé revelou que nos últimos 12 meses entraram no banco apenas quatro casas por recuperação de crédito “e nos últimos três anos, 30 casas”, disse o presidente do banco que acrescentou que “nós temos 140 mil créditos à habitação”.
O presidente do BPI lembrou que o passado complicado da banca custou 22 mil milhões de euros aos portugueses. “Quatro dos bancos já desapareceram ou foram transformados, mas houve dois bancos, o BPI e o BCP, que devolveram a ajuda do Estado com juros elevados. O CEO lembrou que “o BPI pagou em juros 160 milhões pelos CoCos do Estado e o BCP pagou 919 milhões de juros, o que deu uma margem para o Estado de 5,3%”.
Os lucros são uma coisa positiva, defendeu ainda Pedro Castro e Almeida, presidente do Santander Totta, que lembrou que os lucro são determinantes para a atração de talento. Os resultados da banca vão ser bons em 2023, reconheceu o CEO do Santander Totta, que ressalvou que é preciso olhar para os últimos 15 anos.
O CEO do BPI, por sua vez, preferiu apelar à redução dos impostos das empresas. “Os incentivos fiscais nas empresas é o ponto fundamental onde devíamos trabalhar, porque nas empresas é que se criam riqueza, que se criam os empregos”, disse João Pedro Oliveira e Costa.
“Porque é que o preço da habitação cresceu entre 2019 e 2022 cresceu 45%?” questionou Miguel Maya que apontou esta subida como a raiz de um problema das famílias.
“Os bancos devem estar provisionados, mas também devem dar rentabilidade”, lembrou, por sua vez o CEO da CGD, Paulo Macedo. No caso da Caixa a rentabilidade é importante para “pagar integralmente a ajuda do Estado”. “A CGD pagará o investimento dos privados [dívida subordinada] no próximo mês e até 2024, a distribuir em 2025, a Caixa pagará tudo ao Estado”, disse Paulo Macedo que detalhou que está a falar dos 2.500 milhões em dinheiro e dos 1.000 milhões dos privados.
Recorde-se que a CGD reportou um rácio de capital CET1 de 19,5% no primeiro trimestre.
O Presidente da República veio a público dizer que é essencial uma reflexão sobre crédito à habitação em matéria de prazos, taxas e prestações, salientando as nefastas consequências sociais resultantes da subida dos juros e o atual período positivo da banca.Segundo o Presidente da República, “é evidente que o Governo com as bonificações tenta em relação a um número limitado de casos facilitados facilitar — mas o número de empréstimos é um milhão e cem mil, o que quer dizer, multiplicado pelo número de pessoas que integram o agregado familiar, atinge três milhões de pessoas”.
“Portanto, eu diria que estou esperançado que a banca esteja acordada para o problema, o Banco de Portugal também”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Estas declarações foram o mote para a SIC Notícias questionar os bancos sobre as medidas de apoio às famílias com crédito à habitação.
A CGD reestruturou cerca de 9.000 créditos, o que significa cerca de 3% da carteira (6.000 foram por iniciativa da CGD que propôs reduzir o spread). “O que a CGD está a pensar, é para as pessoas em condições mais frágeis, aproveitando o enquadramento definido para o crédito bonificado [do Estado], fazer uma revisão até 50 pontos base adicionais”.
Na apresentação de resultados do primeiro trimestre o CEO da CGD tinha dito que o banco vê “a possibilidade de analisar como poderíamos ter algum tipo de apoio no juro bonificado que ainda temos de ver como vai funcionar. Ou seja, a possibilidade de a Caixa dar um apoio suplementar aos juros bonificados”. Mas irá optar por soluções que evitem “marcar” os clientes.
“Neste momento, no crédito à habitação há uma guerra de spreads”, revelou Paulo Macedo que considera também que nos depósitos “há um mito” porque todas as semanas “há bancos a subirem os juros dos depósitos e já há quem esteja a pagar perto dos 3%”, disse o CEO da CGD.
“Temos depósitos online a 2,5%”, revelou o presidente da CGD.
Mark Bourke, CEO do Novobanco, defendeu a recapitalização do banco começada em 2014. “O dinheiro que foi posto no banco não foi de menos, nem demais, fe oi gradual à medida que ia havendo perdas reais”, disse o CEO.
“O banco está bem hoje capitalizado o que permite suportar a economia”, disse o CEO que reconhece liderar uma banco especializado em PME (pequenas e medias empresas).
“Quando o mercado abrir estarem preparados para uma transação e um IPO seria o caminho mais evidente”, disse Mark Bourke.
O CEO do Novobanco situa o mercado bancário português no meio de dois mercados que não sua opinião são “uma má solução”, a fragmentação do mercado alemão e a excessiva concentração do mercado irlandês.
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