O Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço aprovou esta semana uma deliberação (ler na íntegra) que exclui das redes 5G portuguesas as empresas chinesas, russas, indianas e de outras geografias que não sejam a Europa, os EUA e outros países da OCDE.
O documento foi elaborado pela Comissão de Avaliação de Segurança, que foi constituída no âmbito da Lei das Comunicações Electrónicas, de 2022. Foi aprovado após vários anos de forte pressão por parte dos EUA no sentido de excluir as tecnológicas chinesas das redes nacionais e cerca de uma semana depois da passagem por Lisboa do secretário-geral da NATO. Em causa estão empresas como as tecnológicas chinesas Huawei ou a CTE, que fornecem equipamentos e componentes utilizados pelas principais operadoras de telecomunicações. Mas também empresas indianas, russas, africanas ou latino-americanas.
A deliberação, datada de 23 de maio, define os “critérios objetivos” que fazem com que determinadas empresas devam ser excluídas das redes nacionais, “cessando a utilização de equipamentos”, mas ainda não é claro se o Governo pretende de facto obrigar as operadoras de telecomunicações a deixarem de recorrer a fornecedores não-ocidentais e a substituir o material existente, onde foram realizados avultados investimentos nos últimos anos.
Definição de “alto risco” aplica-se a qualquer empresa não-ocidental
“Considera- se de alto risco, para a segurança das redes e serviços nacionais decorrentes da implementação e uso da tecnologia 5G, a utilização de fornecedor ou prestador que preencha um ou mais dos seguintes critérios”, começa por referir a deliberação, elencando de seguida os critérios em questão:
O Jornal Económico procurou obter esclarecimentos junto do Ministério das Infraestruturas, mas até ao momento tal não foi possível.
Huawei não teve conhecimento prévio da deliberação
Contatada pelo Jornal Económico, a Huawei garantiu que “não teve conhecimento prévio nem foi consultada” sobre a deliberação.
A empresa está a “procurar reunir mais informação junto das autoridades competentes, relativamente à natureza desta avaliação”, acrescentou.
“Ao longo de duas décadas, a Huawei tem trabalhado com os operadores portugueses para desenvolver as redes de comunicações e prestar serviços de alta qualidade que servem milhões de pessoas. A Huawei foi diversas vezes reconhecida pelo Governo, bem como por entidades públicas e privadas, pelo seu papel na criação de emprego qualificado, capacidade de inovação e contributo para a inovação e transição digital, tendo investido mais de um milhão de euros na capacitação de talento digital”, referiu a mesma fonte, realçando que continuará “a cumprir com a Lei e regulamentação em vigor, com vista a servir os consumidores e empresas portuguesas que se suportam nos nossos produtos e serviços”.
(Notícia atualizada às 19h32 com declarações da Huawei)
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