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“Eleitores precisam de acreditar na transição energética porque vai custar dinheiro”, avisa CEO da Galp

Gás consumido pela Europa é cinco vezes mais caro do que nos EUA: “a competitividade da Europa está em risco”, alertou Filipe Silva.
30 Maio 2023, 14h10

A transição energética vai ser “cara” e vai ser preciso os “eleitores” acreditarem nesta transição porque “vai lhes custar dinheiro”. O aviso foi feito hoje pelo presidente-executivo da Galp numa análise ao atual momento do sector.

“Bruxelas está muito focada em eletrões [eletricidade], mas 80% do mix energético ainda é fóssil. Precisamos eletrificar tanto quanto podemos, mas só se pode ir até certo ponto. Vejo a competitividade entre geografias a alargar-se. É preciso manter as regras do jogo equilibradas [entre geografias]”, começou por dizer hoje Filipe Silva.

O gestor apontou que as medidas ambientais da “fortaleza Europa” ficam muito bem no “papel”, como travar as importações de petróleo ou gás natural de outros países, mas estas medidas “são muito caras” e não vão funcionar, existindo o risco de “matar toda a capacidade industrial na Europa”.

“A Europa opera num mundo global, é preciso jogar com as mesmas regras. Vão existir eólicas nos nossos quintais. O nuclear está a envelhecer, o carvão está a ser retirado, vai ser uma transição cara, num momento de inflação elevada, subida de taxas de juro, gastos militares a aumentar, falta de minerais críticos”, acrescentou na Lisbon Energy Summit que está a decorrer esta semana na capital.

“Livrámo-nos do gás russo, mas tinhamos opções para o gás. Mas no caso dos metais, não há opções para os minerais, existe uma concentração” de países-fornecedores, sublinhou.

Analisando as duas políticas energéticas mais recentes, o  Net Zero Industry Act e o Critical Raw Materials Act, considera que os documentos não equilibram as regras do jogo a favor da Europa e que existe o risco de “matar a capacidade industrial” europeia, c com a UE em risco de “perder a competitividade para outros continentes”.

Na sua intervenção, também destacou que o corte europeu do gás russo, após a invasão russa, foi mau para o ambiente porque obrigou as refinarias a usar nafta, por exemplo, que é mais poluente para substituir o carvão.

“As nossas refinarias estavam a queimar nafta e não gas natural. Isto é severo para a transição. Não ter gás russo foi para o ambiente, queimámos outros combustíveis”, apontou.

Depois da redução da procura registada na Europa, com a procura de gás a cair 20% na indústria, o gestor aponta que atualmente existem outras fontes de gás natural, mas que o gás europeu é “cinco vezes mais caro do que nos EUA. A competitividade da Europa está em risco”.

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