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Magellan 500 quer passageiros a voar de Oeiras para Santarém

O concelho de Oeiras vai assinar um acordo com o consórcio Magellan 500 para o desenvolvimento de um vertiporto no município.
4 Junho 2023, 08h00

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 27 de maio, com a edição impressa do Semanário NOVO.

O concelho de Oeiras vai assinar um acordo com o consórcio Magellan 500 para o desenvolvimento de um vertiporto no município. A infraestrutura, sensivelmente do tamanho de um campo de futebol, servirá exclusivamente para a descolagem e aterragem de aparelhos verticais (VTOL, isto é, vertical take-off and landing). O consórcio é o mesmo por detrás da proposta de construção de um aeroporto em Santarém, mas a sua composição surge envolta em segredo. Ao NOVO Economia, o fundador Carlos Brazão aponta para os acordos de confidencialidade assinados e assegura que não será “pedido um tostão” ao concelho, mas também não concretiza o valor do projeto em si, que arranca para a fase de estudo prévio. “Ainda não há volumes”, explica, até porque esta “é uma indústria bastante nova, apesar de existirem muitas iniciativas a nível mundial para redes de vertiportos, inclusive em Espanha.” Ainda assim, “não estamos na fase” de somar despesas. A concretizar-se um destes projetos – Santarém e Oeiras –, estamos a falar do primeiro passo dado numa rede do género promovida por parceiros privados: “É muito mais simbólico, mas temos o projeto do aeroporto (…) e, assim, os VTOL e eVTOL [eléctricos] poderão sair de Oeiras e chegar ao Magellan 500 [aeroporto de Santarém] em 18 a 20 minutos”, diz.

Lá fora, a tecnologia avança pelas mãos das principais fabricantes: Embraer, Airbus e Boeing já investiram valores consideráveis, mas não estrondosos, na tecnologia eVTOL e até a Siemens tem um projeto nessa área. A gigante alemã, diz Brazão, “é um parceiro incontornável do ponto de vista da tecnologia”, mas, contactada pelo NOVO, a sucursal portuguesa diz não ter conhecimento do acordo a ser assinado com Oeiras ou do projeto em causa. O responsável pelo consórcio, que veio da CISCO, explica que “há uma série de projetos a nível mundial já em fase de protótipo e espera-se que todos comecem a operar já na segunda metade desta década”.

Brazão dá o exemplo de David Neeleman, o empresário que liderou a gestão privada da TAP, através da Atlantic Gateway, com o português Humberto Pedrosa, do grupo Barraqueiro. Neeleman, através da Azul, investiu mil milhões de dólares na fabricante de VTOL Lilium, e integra agora a administração da empresa. O exemplo não cai em ouvidos moucos, já que o grupo Barraqueiro está assumidamente envolvido no consórcio Magellan 500 para a construção do aeroporto de Santarém. Sobre se Neeleman compõe a secreta lista de parceiros internacionais, Brazão diz: “Nem pensar nem deixar de pensar.” Fica, portanto, a dúvida.

Também não é o objectivo, explica, criar uma rede de acordos de exclusividade com os municípios, garante. “É um outro aroma pioneiro na mobilidade em Portugal. Nunca pedimos um tostão, como no projeto do aeroporto de Santarém. São sempre acordos com os municípios.

Ninguém melhor do que o município para saber o que é melhor e onde é melhor.” “Nunca teremos o exclusivo, mas queremos ter o mérito de fazer primeiro”, assegura o empresário, para quem o investimento em aeroportos e vertiportos dá provas “de ser rentável”, apesar de o modelo económico ou da viabilidade técnica “não estarem ainda definidos”. “Somos um consórcio privado com investidores privados, e isto não é um concurso público”, refere. Ainda assim, o consórcio e o projeto por ele elaborado para Santarém constam da resolução do Conselho de Ministros como uma das opções a serem estudadas pela comissão técnica independente, cuja presidente, Rosário Partidário, diz ao NOVO Economia não ter conhecimento do acordo a ser assinado em Oeiras para um vertiporto ou da natureza do projeto.

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